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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Crime e Costume na Sociedade Selvagem



Bronislaw Kasper Malinowski, autor do livro Crime e Costume na Sociedade Selvagem, nasceu na Polônia e é considerado um dos fundadores da Antropologia Social. Caracterizou-se por tomar uma posição original em relação aos conflitos de idéias do seu tempo, por desenvolver um novo método de investigação de campo, cuja origem remonta à sua intensa experiência de pesquisa na Austrália, inicialmente com o povo Mailu (1915) e posteriormente com os nativos das Ilhas Trobriand (1915-16, 1917-18), cenário descrito no livro em estudo, e finalmente por rejeitar a especulação evolucionista e a manipulação do passado para fins do presente.

Inicialmente o autor chama a atenção para a falta de informações a respeito da lei primitiva, ou seja, das forças que contribuíam para a manutenção da ordem, da uniformidade e da coesão na tribo selvagem.

     No decorrer do livro o autor demostra que as regras estão baseadas nos costumes e tradições e que, embora não estejam escritas, são acatadas por todos, pelo menos ostensivamente. Como em toda sociedade, basta a falta de fiscalização para que as regras sejam burladas, contradizendo a maioria dos antropólogos que descreve o selvagem como um cumpridor quase servil das regras.
     O que se percebe é que as regras são de caráter inequivocamente obrigatório, mas elásticas e ajustáveis no seu cumprimento, ou seja, a mesma cultura e tradição que estabelece as normas, produz igualmente os remédios para as violações.
     Na verdade, o que garante o cumprimento das normas é o sistema de trocas aliado a sentimentos de ambição e vaidade. Os nativos nunca estão satisfeitos nas negociações e não vêem problema em se furtar às obrigações, se isso não for causar perda de prestígio ou prejuízo.
     Alguns aspectos descritos pelo autor nos remetem ao que conhecemos hoje por Direito Civil e Penal, haja vista que ele retrata como são as regras do casamento, das sucessões assim como os delitos puníveis e o tipo de pena aplicada. Neste ponto chama a atenção a possibilidade do suicídio em virtude da vergonha de ver a transgressão exposta a todos.
     Como não poderia deixar de ser, a feitiçaria, marca desse tipo de sociedade, se faz presente e tem posição de destaque. O autor explora o assunto como se a prática realmente tivesse efeitos; como se a feitiçaria de fato regulasse algumas relações ou fosse capaz de punir alguém até mesmo com a morte.
     No último capítulo entende-se verdadeiramente a realidade da convivência nos clãs: " Em todas as oportunidades em que atua como unidade econômica nas distribuições cerimoniais, o clã permanece homogêneo somente em relação a outros clãs. Na verdade, internamente, há um espírito inteiramente comercial, não isento de suspeitas, inveja e práticas mesquinhas. A solidariedade aparente está sempre eivada de pecados e praticamente inexiste na rotina da vida cotidiana."

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Concurso Público: Negócio da China

 Julia Lovell segue fazendo buracos na muralha da China.
Embora decepcionado com a história apresentada até a página 245 (onde estou atualmente), considero que diversos aspectos merecem registro e um deles é o processo seletivo para os funcionários públicos.
A Dinastia Tang procedeu uma reforma burocrática no século VII e restaurou os exames para o serviço público.
Cabe ressaltar que, além de um salário fixo, "um cargo oficial oferecia aos burocratas criativos e corruptos, oportunidades abundantes de enriquecimento em proveito próprio". Havia também um preconceito em relação ao comércio e o caráter sagrado do Imperador -- fruto de um mandato celeste-- tornava a carreira honrada e virtuosa.
As semelhanças com o serviço público no Brasil não param por aqui, a preparação para o concurso, a prova em si e os concurseiros parecem não ter evoluído muito de lá pra cá.
No "edital" das provas as matérias eram sempre as mesmas, os textos da dinastia Zhou, venerados por Confúcio, e os ditados deste último e de seus discípulos mais famosos.
O sistema evoluiu para uma "tortura educacional, sofisticada e detalhada" e contribuiu para difusão do Confucionismo, padronizando pensamentos.
Os torturadores, digo examinadores, exigiam dos candidatos o máximo da erudição confucionista, pedindo, por exemplo, que as vítimas, digo candidatos, identificassem em que ponto dos Anacletos Confúcio havia empregado determinada palavra.
A tirania intelectual seguiu absorvendo as energias das melhores mentes do império, da mais tenra idade à idade adulta.

"Manuais pré-natais informavam às grávidas sobre a postura correta para o melhor desenvolvimento de um bacharelando ainda embrião, enquanto septuagenários tentavem persistentemente passar por mais jovens, às vezes com tal eficiência que nem mesmo suas mulheres os reconheciam!"

A revolta do povo, em virtude dos baixíssimos índices de aprovação e da falta de opção por outras carreiras, conduziu à guerra civil que durou 14 anos e foi liderada por um concurseiro alucinado que se dizia irmão mais novo de Jesus Cristo.
Mudanças importantes no processo seletivo foram introduzidas pelo imperador em 681 e a "decoreba" foi substituída pela poesia.
A capacidade de versejar era pré requisito para o progresso profissional e seu entrelaçamento com a política transformou boêmios autônomos em excêntricos patrocinados pelo Estado.
Assim evoluiu a poesia chinesa cujos versos guardam em si o momento vivido pelo funcionário público. Daí a melancolia daqueles que eram destacados para trabalhar nas fronteiras, lugar ideal para o transbordamento de sentimentos líricos, o que fez surgir um gênero literário independente, o sai shi (versos de fronteira).
A inutilidade das muralhas como instrumento de defesa ou de expansão, o ambiente hostil, a corrupção e a miséria daqueles que eram destacados para defender a China longe de sua cidade natal eram constantes nos versos.
O concurso público no Brasil também tem representado a prioridade na vida de muitas pessoasl. Posso dizer que tentei ser um concurseiro, mas não tenho disciplina suficiente, nem a endurance que só a necessidade dá.
O volume de matérias só se compara à quantidade de técnicas e cursos existentes que garantem a aprovação.
A vida do concurseiro já não era fácil na China Tang e está cada vez pior no Brasil do CESPE e da ESAF.
A história da China da forma como a autora aborda é repleta dessas coisas bizarras, o revezamento no poder entre chineses e mongóis parece não ter contribuído muito para a evolução das duas partes, que seguiram se matando por muitos anos.
No entanto é bom que a senhora Lovell fique bem ciente que isso não vai me desanimar, ir à china continua sendo projeto de médio prazo!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Grande Muralha: A China contra o Mundo.

Sou um curioso a respeito das coisas da China. Estudei Mandarim no templo budista de Olinda (PE) durante quase todo o ano de 2005 e li alguns livros, artigos e sites a respeito do país mais populoso do planeta, com seus mais de 1,3 bilhão de habitantes que, em menos de 25 anos, tornou-se a quarta maior economia do mundo. O país encanta não somente pelos seu números grandiosos, mas também por sua história, arte e persistência.


Retornei ao livro de Julia Lovell na mesma semana do Medal Parade do contingente de polícia da China que participa da MINUSTAH e pude ver, em pequenas coisas, alguns aspectos tratados pela autora e outros de conhecimento adquirido anteriormente.
Cheguei à metade do livro e tem sido o que eu desejava: me aprofundar na história chinesa.
É interessante o fato dela abordar toda a história falando das muralhas construídas, principalmente porque chega-se à conclusão que isso é completamente dispensável, embora a autora afirme que "é um emblema perfeitamente útil para a leitura da China."
Ao que parece, fomos vítimas do marketing chinês, que se aproveitou de nosso estilo exagerado ocidental. Sendo assim vou aproveitar este espaço para divulgar algumas informações a respeito da Grande Muralha que a maioria não sabe.

1. Nenhuma das palavras em chinês utilizadas para definir aquele tipo de construção significava especificamente Grande Muralha. A que mais se aproxima, usada apenas esporadicamente antes do século XX, é Changcheng que significa longa muralha. Foram os ingleses, mais que os chineses, que a reconheceram como grande e referindo-se particularmente ao impressionante exemplo de engenharia de construção numa fronteira hoje irrelevante.

2. A muralha que se conhece hoje tem cerca de 500 anos ou seja, não é tão antiga assim. Nem tampouco é única, mas um conjunto de muralhas menores.

3. As muralhas nunca foram eficientes como instrumento de defesa nem tampouco demarcavam fronteiras sólidas e robustas entre nações e culturas. A história da China revela um reino onde alternaram-se no poder, além dos próprios chineses, diversos líderes de bárbaros que, ao abandonarem o estilo nômade das estepes para tentar adaptar-se ao sedentarismo necessário da agricultura, viam-se também enfraquecidos e expostos a novas invasões.

4. A muralha não pode ser vista da Lua. Essa idéia propagada pelo milionário caricaturista, escritor e sinófilo Robert Ripley em 1932, décadas antes da era dos foguetes, foi confirmada por Neil Armstrong quando do seu pouso no nosso satélite natural. Tudo veio a ser desmentido mais tarde pelo Geographical Magazine que, após estudos concluiu que o astronauta viu na verdade uma formação de nuvens.

A necessidade de dar ao país um símbolo da grandeza passada a fim de manter o sentido de auto estima nacional durante os anos magros do século XX cheio de revoluções fracassadas, guerras civis, invasões estrangeiras, fome e pobreza esmagadora e generalizada encontrou na muralha o símbolo perfeito, unindo a necessidade que os ocidentais tem de listar obras maravilhosas ao desconhecimento em relação à verdadeira história e ao respeitado e misterioso misticismo próprio dos orientais.

Até aqui Julia Lovell demonstrou extremo conhecimento e capacidade de fazer a ligação entre as muralhas do passado e a China de hoje que, embora use sua Grande Muralha para atrair o turista e levantar a moral do seu povo, precisa hoje destruí-la a fim de integrar-se a um mundo globalizado e dinâmico, que não aceita limites físicos para sua expansão e dita a sobrevivência das nações.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Zíbia Gasparetto

Alguns sites interessantes sobre a autora do livro Ninguém é de ninguém.
Eu recomendo que leia na ordem em que são apresentados:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Zíbia_Gasparetto
http://desciclopedia.org/wiki/Zibia_Gasparetto

Boa leitura e por favor...comentem!!!

Ninguém é de Ninguém


Zíbia Gasparetto é uma autora espírita muito criticada, mas com muitos leitores fiéis. (Assim como as revistas Ana Maria, Viva!, e todas aquelas da faixa de preços entre R$0,59 e R$ 3,99)

Tenho algum conhecimento da doutrina espírita, li alguns romances espíritas e preciso confessar que esse foi o mais "água com açúcar" que já li.

O romance contempla algumas passagens muito comuns em minha vida...penso que qualquer pessoa se identificaria de alguma forma com alguns dos fatos apresentados.

A espíritismo prega, de maneira geral, pela ligação entre racionalidade e fé, busca explicação para os fatos de modo que possa responder de maneira satisfatória, e principalmente consoladora, às venturas e desventuras do dia a dia.

Não sei bem se acredito nessas coisas...nunca vi ninguém incorporado, falando diferente, fazendo coisas incríveis, embora deva confessar que nas minhas idas a alguns Centros Kardecistas eu sempre senti um alívio muito grande. Não posso negar que me fez bem e que creio na existência de algo além desse plano em que vivemos.

E quero de ressaltar que só vi coisas boas na doutrina, é como se lê no Livro dos Espíritos, visando responder àqueles que pregam contra o espiritismo, "como uma doutrina que só fala em se fazer o bem ao próximo, de amor, da responsabilidade que temos pelos nossos atos entre outras coisas pode se prestar ao mal!?" (Eu concordo com isso)

O livro torna-se um pouco cansativo em virtude do excesso de detalhes dispensáveis que a autora fornece. Cada movimento das personagens, mesmos os mais simples como virar-se, sentar, olhar, coisas que não contribuem para o entendimento dos fatos me deram a impressão de que ela se preocupou em atingir um certo número de páginas.

O ciúme é o tema central do livro. E as personagens tinham acertos de contas pendentes de vidas passadas. Bonzinhos e malvadinhos facilmente identificados e final feliz.

Apesar de tudo do livro transmite uma mensagem de esperança, fala da importância de bons pensamentos aliados a atitudes positivas, visando atrair coisas boas, trata do lívre arbítrio e principalmente alguns pontos com os quais concordo plenamente, separei nos tópicos abaixo:


1) NÓS SOMOS OS ÚNICOS RESPONSÁVEIS POR NOSSAS AÇÕES E OMISSÕES E POR ELAS VAMOS RESPONDER TAMBÉM SOLITARIAMENTE;

2) TUDO TEM CONSEQÜÊNCIA, POR ISSO PENSE BEM ANTES DE AGIR OU FALAR E ESTEJA PRONTO PARA O QUE VEM DEPOIS;

3) NINGUÉM É DE NINGUÉM. NOS PRENDEMOS POR VONTADE.
A seguir alguns trechos do livro para reflexão:
"Se quer melhorar sua vida, precisa assumir sua força, acreditar em sua capacidade, colocar sua dignidade acima do que os outros possam pensar."
"Experimente sentir. Nossa cabeça está repleta de idéias ilusórias, regras convencionais, que têm nos aprisionado em obrigações que nos limitam e paralisam. Já a alma não. "
"As pessoas só mudam quando amadurecem e decidem-se a isso."
"As pessoas são livres para escolher o próprio caminho. O amor é espontâneo. Não se pode forçar os sentimentos."
"Ninguém é de ninguém e sentir amor não dá o direito de agarrar-se ao ser amado e a esse pretexto manipular sua vida cobrando retribuição."
" A idéia de que somos maus, de que precisamos domar nossa fera interior e manter controle para não fazer muitas besteiras, generalizou-se. Você teme que, se seguir os impulsos do seu coração, se liberar seus sentimentos, acabará fazendo coisas ruins."
"A verdade é que cada um erra por sua própria cabeça, ninguém é responsável pelo erro dos outros."
"A desilusão ajuda a eliminar os falsos valores e a reconhecer os verdadeiros."
"A felicidade é conquista que compete a cada um, e os desafios quando enfrentados acabam por demonstrar o quanto somos fortes e capazes."
"Um homem, quando escolhe uma companheira, deseja uma pessoa com quem dialogue de igual para igual. Tenho aprendido que, quando um dos dois é inseguro e julga-se menos, o relacionamento acaba. Para uma vida em comum bem-sucedida há que ter maturidade."
"Ninguém pode conquistar a paz sem disciplina."
"Cada um é livre para amar e isso acontece naturalmente, sem que a vontade interfira. A atração entre os seres obedece a critérios próprios cujo mistério nem sempre se pode explicar."
"De tanto distorcer os fa­tos para conseguir o que desejava, acabou por perder a noção de reali­dade."
Não sou espírita porque não consigo ser meio espírita. Mas admiro a doutrina.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Espírito Livre

A idéia de liberdade sempre me atraiu.
Transcrevo abaixo um trecho do livro Além do Bem e do Mal, onde Nietzsche defende com maestria esse conceito:


"É preciso testar a si mesmo, dar-se provas de ser
destinado à independência e ao mando; e é preciso fazê-lo no tempo justo. Não se deve fugir às provas, embora sejam por ventura o jogo mais perigoso que se pode jogar, e, em última instância, provas de que nós mesmos somos as testemunhas e os únicos juízes. Não se prender a uma pessoa: seja ela a mais querida__toda pessoa é uma prisão e também um canto. Não se prender a uma pátria: seja ela a mais sofredora e necessitada__menos difícil é desatar de uma pátria vitoriosa o coração. Não se prender a uma compaixão: ainda que se dirija a homens superiores, cujo martírio e desamparo o acaso nos permitiu vislumbrar. Não se prender a uma ciência: ainda que nos tente com os mais preciosos achados, guardados especialmente para nós. Não se prender ao seu próprio desligamento, ao voluptouso abandono e afastamento do pássaro que ganha sempre mais altura para ver mais e mais coisas abaixo de si:__perigo daquele que voa. Não nos prendermos às próprias virtudes e nos tornarmos, enquanto todo, vítimas de uma nossa particularidade, por exemplo, de nossa "hospitalidade": o perigo por excelência para as almas ricas e superiores, que tratam a si mesmas prodigamente, quase com indiferença, exercitando a liberdade ao ponto de torná-la um vício. É preciso saber preservar-se: a mais dura prova de independência."

Contudo, não teria o filósofo esquecido que, escolher estar preso a alguém ou alguma coisa, pode ser a maior prova de liberdade que se pode dar?

sábado, 29 de novembro de 2008

NÃO TENHO FÉ SUFICIENTE PARA SER ATEU - FINAL

Vou começar este post respondendo aos comentários e então sigo nas minhas considerações.
1) Sr.(a) Anônimo, não sei quem é você que me prometeu uma Bíblia. De fato eu não tenho uma, mas não me lembro de quem me fez a promessa. Receberei com carinho e prometo ler.
2) Será que temos mesmo o tão falado livre-arbítrio ou já está tudo escrito? Sinceramente não sei. Mas sei que temos que nos responsabilizar por nossas atitudes. Penso que as coisas só nos acontecem porque permitimos (criamos condições, corremos o risco) ou pelo acaso, Deus para quem preferir (variáveis que não controlamos).
3) Segundo a Bíblia existe sim inferno e o coisa ruim. É como o próprio autor fala, não tem como haver duas verdades, ou o inferno existe ou a Bíblia mente.
4) As crianças que são abusadas e assassinadas diariamente estão entre os bons ou entre os maus? Será que já tinham cumprido sua missão? Estavam pagando por algo em vidas passadas? Precisa ser tão trágico?
5) De fato eu confio muito nas minhas próprias forças, mas você sabe bem que eu agradeço mais que peço.
6) Será que as pessoas só sentem a presença de deus quando estão na pior? No forró, pagode, samba, baile funk, festas em geral, alguém sente a presença de Deus? Nunca vi ninguém chegar ao final de uma festa e dizer "nossa, como eu senti a presença de Deus na balada de hoje".
Embora eu não tenha chegado à metade do livro, pretendo que essas sejam minhas últimas considerações a seu respeito, mas prometo ler até o final.
Os autores têm argumentos interessantes e defendem muito bem a causa a que se propuseram, contudo as provas científicas requerem um estudo profundo o que me leva a concluir que eles contam que o leitor não vai ter paciência de ficar pesquisando se o que eles colocam é realmente verdadeiro ou se poderia ser entendido de uma outra forma, assim como um bom advogado consegue reverter as causas mais improváveis.
Como exemplo da complexidade das provas cito aqui o acrônimo SURGE, que significa:
Segunda lei da termodinâmica;
Universo em expansão
Radiação do Big Bang
Grandes galáxias, Sementes de
Einstein, A Teoria da Relatividade de
Sinceramente não provam a existência de Deus.
Algumas condições impostas pelos autores:
"O Universo está ficando sem energia utilizável e um dia morrerá."
O Universo estaria sem energia agora se estivesse funcionando desde a eternidade passada."(???)
"O Universo não pode ser eterno__ teve obrigatóriamente um início__ pois, se fosse eterno, a bateria já teria acabado a esta altura." (???)
"Era uma vez um nada e então bang!, havia alguma coisa."
"O fato de o Universo estar ficando sem energia utilizável e caminhando para o caos é indiscutível!".
"Tudo que venha a existir precisa de uma causa. Deus não veio a existir, ninguém O fez. Ele não é feito. Como ser eterno, Deus não tem um começoe, assim, Ele não precisou de uma causa."
Depois os autores falam das do princípio antrópico e suas constantes (122 no total) que são as características existentes na Terra que permitem a existência de vida. Buscando provar que é impossível que não tenha havido inteligência por trás disso, que não pode ser obra do acaso.
Enfim, quero deixar claro que acredito em Deus. Não como um ser, uma personificação, mas alguma coisa que rege tudo, talvez uma energia...Eu sinto que existe algo superior.
Quem me conhece sabe que eu costumo dizer que sou muito abençoado e que comigo tudo sempre dá certo. Eu sinto, sinceramente, que sou acompanhado por algo sobrenatural e que pode ser Deus, deve ser Deus, porque me faz muito bem.
Uma outra coisa que percebi com a leitura foi que eu não faço a ligação Deus-Cristo. Não acho que Jesus Cristo fosse Deus. Acho muito bonita a história, gosto dos filmes que tratam do assunto, o vejo como um homem acima do normal mas, definitivamente, não consigo fazer o link. O que significa, segundo os cristãos, que vou para o inferno.
Também não tenho disciplina para seguir uma religião__ embora reconheça que quem consegue se entragar à religião vive melhor__principalmente porque não acredito nas religiões, nessas pessoas que dizem ter ligação direta com Ele. Eu falo com Ele todos os dias, sem intermediários.
Hoje vi imagens da escola que desabou aqui na capital do Haiti. Crianças e adultos mortos, esmagados, corpos dilacerados, uma desgraça. Onde está o livre arbítrio nesse momento? Como Ele separou os bons dos maus? Onde está o amor infinito? Será que todos já estavam suficientemente evoluídos? Estavam pagando por algo que fizeram em vidas passadas?
Foi inevitável questionar a existência de Deus.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

NÃO TENHO FÉ SUFICIENTE PARA SER ATEU


Eu nunca tive contato com um livro de apologética cristã, sempre preferi os temas contrários e por isso leio tanto Nietzsche. No entanto, ganhei de aniversário o livro NÃO TENHO FÉ SUFICIENTE PARA SER ATEU, de Norman Geisler e Frank Turek. Certamente o título nos causa um impacto inicial, em virtude da abordagem incomum, e desperta a curiosidade, haja vista sempre associarmos fé a religião, quando fé significa simplesmente acreditar.
Os autores pretendem provar, de forma incontestável e convincente “que o cristianismo é a única religião verdadeira, que o Deus trino que se revela em suas páginas é o único Deus do universo e que Cristo morreu pelos nossos pecados para que pudéssemos viver.”
Segundo o autor do prefácio, o Sr. David Limbaugh, este é o melhor livro que já viu capaz de preparar os crentes para dar razões a sua fé e para os céticos que estão abertos à verdade, condição na qual me encontro.
A argumentação do prefácio me surpreendeu já na abordagem inicial, onde o autor fala de como nós céticos manipulamos a verdade ou admitimos mais de uma verdade, exceto a daquele cristão chato e teimoso que insiste em dizer que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Pode até ser, mas como bem coloca o autor, não basta fé...tem que provar.
Veja bem, a proposta não é apenas provar a existência de Deus, mas que o cristianismo é a única religião verdadeira! Isso quer dizer que o Judaísmo, o Islamismo e todas aquelas religiões orientais são farsas. Logo, bilhões de pessoas religiosas de outras religiões estariam erradas hoje e seus adeptos historicamente estiveram errados por vários séculos e, segundo o cristianismo, irão todos para o inferno.
Além das perguntas básicas que nos fazemos diariamente, e que fazem a ligação entre a ciência e a religião, que tratam da nossa origem, identidade, propósito, moralidade e destino, os autores abordam a questão, que a meu ver é a principal:
“Se Deus realmente existe, então porque parece esconder-se? Por que simplesmente não aparece para desbancar as falsas religiões e por fim à controvérsia? Por que não intervém para eliminar todo o mal do mundo, sem deixar de fora todas as guerras religiosas que são uma mancha para seu próprio nome? E por que permite que todas essas coisas ruins aconteçam com pessoas boas?”
Não é que eu não aceite o cristianismo. Acredito em Deus, acho que realmente um dia existiu um Cristo, eu simplesmente não consigo ser meio católico, meio evangélico ou mais ou menos espírita, então não sou nada. E até começar este artigo eu achava que o agnosticismo era simplesmente não ter religião. Eu estava enganado, ser agnóstico é acreditar na impossibilidade de se provar __ ou não__ a existência de Deus.
O livro prega explicitamente que alguém criou tudo e esse é justamente um dos meus questionamentos. Por que deve haver alguém? Por que personificar? Será que esse mesmo alguém é o responsável pelo vento que sopra, por cada onda do mar, pela acomodação de camadas tectônicas que geram terremotos, pelas avalanches e pelo nascimento de seres microscópicos? Não sobrou nada para o acaso???
O livro defende que escritos antigos prediziam a vinda de um homem que seria verdadeiramente Deus. Como os cristãos vêem hoje essas pessoas que dizem predizer o futuro? Ou será que esse era um dom exclusivo dos antigos e só valia para as coisas que interessavam ao cristianismo?
Por fim, eu gostaria de ver esclarecidos alguns pontos:
1) Viemos do nada e, de repente, pela vontade de alguém, aparecemos e passamos a ter que fazer escolhas que o ser superior já sabe quais serão e se fizermos as escolhas erradas vamos para o inferno!
2) Não basta viver uma vida moral e honesta – honrar seus contratos, cuidar de sua esposa e filhos, construir um lar feliz, ser um bom cidadão, um patriota, um homem justo e reflexivo, isso é somente um modo respeitável de ser condenado ao inferno. Deus não recompensa os homens pela sua honestidade, sua generosidade, sua coragem, mas simplesmente pela sua fé. Sem fé, todas as chamadas virtudes convertem-se em pecado. Todos os homens que praticam tais virtudes sem fé merecem sofrer o suplício eterno.
(Poxa, eu era um nada e agora que fui criado sou obrigado a evoluir e corro o risco de ir pro inferno!!)
3) Se Ele é um Deus de amor, se somos seus filhos criados à sua imagem e semelhança, por que deixar ambigüidades? Por que não fazer o paraíso aqui na Terra e para todos? Por que ele não pode estar aqui entre nós, como faz a maioria dos pais?
Será que eu devia observar minha filha de longe, prover suas necessidades anonimamente, observar suas atitudes para ver se ela ia resolver me aceitar como pai para aí então eu lhe prover a vida eterna?
O agnosticismo não pode ser considerado uma decisão de uma mente vazia, como diz o livro, mas sim uma forma de descrever um estado mental que não para nega totalmente Deus, mas expressa dúvida quanto à possibilidade de atingir o conhecimento e para protesta ignorância a respeito de um grande número de coisas.
Continuo lendo o livro como me comprometi, vamos ver a que conclusões chegarei.