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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ninguém é de Ninguém


Zíbia Gasparetto é uma autora espírita muito criticada, mas com muitos leitores fiéis. (Assim como as revistas Ana Maria, Viva!, e todas aquelas da faixa de preços entre R$0,59 e R$ 3,99)

Tenho algum conhecimento da doutrina espírita, li alguns romances espíritas e preciso confessar que esse foi o mais "água com açúcar" que já li.

O romance contempla algumas passagens muito comuns em minha vida...penso que qualquer pessoa se identificaria de alguma forma com alguns dos fatos apresentados.

A espíritismo prega, de maneira geral, pela ligação entre racionalidade e fé, busca explicação para os fatos de modo que possa responder de maneira satisfatória, e principalmente consoladora, às venturas e desventuras do dia a dia.

Não sei bem se acredito nessas coisas...nunca vi ninguém incorporado, falando diferente, fazendo coisas incríveis, embora deva confessar que nas minhas idas a alguns Centros Kardecistas eu sempre senti um alívio muito grande. Não posso negar que me fez bem e que creio na existência de algo além desse plano em que vivemos.

E quero de ressaltar que só vi coisas boas na doutrina, é como se lê no Livro dos Espíritos, visando responder àqueles que pregam contra o espiritismo, "como uma doutrina que só fala em se fazer o bem ao próximo, de amor, da responsabilidade que temos pelos nossos atos entre outras coisas pode se prestar ao mal!?" (Eu concordo com isso)

O livro torna-se um pouco cansativo em virtude do excesso de detalhes dispensáveis que a autora fornece. Cada movimento das personagens, mesmos os mais simples como virar-se, sentar, olhar, coisas que não contribuem para o entendimento dos fatos me deram a impressão de que ela se preocupou em atingir um certo número de páginas.

O ciúme é o tema central do livro. E as personagens tinham acertos de contas pendentes de vidas passadas. Bonzinhos e malvadinhos facilmente identificados e final feliz.

Apesar de tudo do livro transmite uma mensagem de esperança, fala da importância de bons pensamentos aliados a atitudes positivas, visando atrair coisas boas, trata do lívre arbítrio e principalmente alguns pontos com os quais concordo plenamente, separei nos tópicos abaixo:


1) NÓS SOMOS OS ÚNICOS RESPONSÁVEIS POR NOSSAS AÇÕES E OMISSÕES E POR ELAS VAMOS RESPONDER TAMBÉM SOLITARIAMENTE;

2) TUDO TEM CONSEQÜÊNCIA, POR ISSO PENSE BEM ANTES DE AGIR OU FALAR E ESTEJA PRONTO PARA O QUE VEM DEPOIS;

3) NINGUÉM É DE NINGUÉM. NOS PRENDEMOS POR VONTADE.
A seguir alguns trechos do livro para reflexão:
"Se quer melhorar sua vida, precisa assumir sua força, acreditar em sua capacidade, colocar sua dignidade acima do que os outros possam pensar."
"Experimente sentir. Nossa cabeça está repleta de idéias ilusórias, regras convencionais, que têm nos aprisionado em obrigações que nos limitam e paralisam. Já a alma não. "
"As pessoas só mudam quando amadurecem e decidem-se a isso."
"As pessoas são livres para escolher o próprio caminho. O amor é espontâneo. Não se pode forçar os sentimentos."
"Ninguém é de ninguém e sentir amor não dá o direito de agarrar-se ao ser amado e a esse pretexto manipular sua vida cobrando retribuição."
" A idéia de que somos maus, de que precisamos domar nossa fera interior e manter controle para não fazer muitas besteiras, generalizou-se. Você teme que, se seguir os impulsos do seu coração, se liberar seus sentimentos, acabará fazendo coisas ruins."
"A verdade é que cada um erra por sua própria cabeça, ninguém é responsável pelo erro dos outros."
"A desilusão ajuda a eliminar os falsos valores e a reconhecer os verdadeiros."
"A felicidade é conquista que compete a cada um, e os desafios quando enfrentados acabam por demonstrar o quanto somos fortes e capazes."
"Um homem, quando escolhe uma companheira, deseja uma pessoa com quem dialogue de igual para igual. Tenho aprendido que, quando um dos dois é inseguro e julga-se menos, o relacionamento acaba. Para uma vida em comum bem-sucedida há que ter maturidade."
"Ninguém pode conquistar a paz sem disciplina."
"Cada um é livre para amar e isso acontece naturalmente, sem que a vontade interfira. A atração entre os seres obedece a critérios próprios cujo mistério nem sempre se pode explicar."
"De tanto distorcer os fa­tos para conseguir o que desejava, acabou por perder a noção de reali­dade."
Não sou espírita porque não consigo ser meio espírita. Mas admiro a doutrina.

sábado, 29 de novembro de 2008

NÃO TENHO FÉ SUFICIENTE PARA SER ATEU - FINAL

Vou começar este post respondendo aos comentários e então sigo nas minhas considerações.
1) Sr.(a) Anônimo, não sei quem é você que me prometeu uma Bíblia. De fato eu não tenho uma, mas não me lembro de quem me fez a promessa. Receberei com carinho e prometo ler.
2) Será que temos mesmo o tão falado livre-arbítrio ou já está tudo escrito? Sinceramente não sei. Mas sei que temos que nos responsabilizar por nossas atitudes. Penso que as coisas só nos acontecem porque permitimos (criamos condições, corremos o risco) ou pelo acaso, Deus para quem preferir (variáveis que não controlamos).
3) Segundo a Bíblia existe sim inferno e o coisa ruim. É como o próprio autor fala, não tem como haver duas verdades, ou o inferno existe ou a Bíblia mente.
4) As crianças que são abusadas e assassinadas diariamente estão entre os bons ou entre os maus? Será que já tinham cumprido sua missão? Estavam pagando por algo em vidas passadas? Precisa ser tão trágico?
5) De fato eu confio muito nas minhas próprias forças, mas você sabe bem que eu agradeço mais que peço.
6) Será que as pessoas só sentem a presença de deus quando estão na pior? No forró, pagode, samba, baile funk, festas em geral, alguém sente a presença de Deus? Nunca vi ninguém chegar ao final de uma festa e dizer "nossa, como eu senti a presença de Deus na balada de hoje".
Embora eu não tenha chegado à metade do livro, pretendo que essas sejam minhas últimas considerações a seu respeito, mas prometo ler até o final.
Os autores têm argumentos interessantes e defendem muito bem a causa a que se propuseram, contudo as provas científicas requerem um estudo profundo o que me leva a concluir que eles contam que o leitor não vai ter paciência de ficar pesquisando se o que eles colocam é realmente verdadeiro ou se poderia ser entendido de uma outra forma, assim como um bom advogado consegue reverter as causas mais improváveis.
Como exemplo da complexidade das provas cito aqui o acrônimo SURGE, que significa:
Segunda lei da termodinâmica;
Universo em expansão
Radiação do Big Bang
Grandes galáxias, Sementes de
Einstein, A Teoria da Relatividade de
Sinceramente não provam a existência de Deus.
Algumas condições impostas pelos autores:
"O Universo está ficando sem energia utilizável e um dia morrerá."
O Universo estaria sem energia agora se estivesse funcionando desde a eternidade passada."(???)
"O Universo não pode ser eterno__ teve obrigatóriamente um início__ pois, se fosse eterno, a bateria já teria acabado a esta altura." (???)
"Era uma vez um nada e então bang!, havia alguma coisa."
"O fato de o Universo estar ficando sem energia utilizável e caminhando para o caos é indiscutível!".
"Tudo que venha a existir precisa de uma causa. Deus não veio a existir, ninguém O fez. Ele não é feito. Como ser eterno, Deus não tem um começoe, assim, Ele não precisou de uma causa."
Depois os autores falam das do princípio antrópico e suas constantes (122 no total) que são as características existentes na Terra que permitem a existência de vida. Buscando provar que é impossível que não tenha havido inteligência por trás disso, que não pode ser obra do acaso.
Enfim, quero deixar claro que acredito em Deus. Não como um ser, uma personificação, mas alguma coisa que rege tudo, talvez uma energia...Eu sinto que existe algo superior.
Quem me conhece sabe que eu costumo dizer que sou muito abençoado e que comigo tudo sempre dá certo. Eu sinto, sinceramente, que sou acompanhado por algo sobrenatural e que pode ser Deus, deve ser Deus, porque me faz muito bem.
Uma outra coisa que percebi com a leitura foi que eu não faço a ligação Deus-Cristo. Não acho que Jesus Cristo fosse Deus. Acho muito bonita a história, gosto dos filmes que tratam do assunto, o vejo como um homem acima do normal mas, definitivamente, não consigo fazer o link. O que significa, segundo os cristãos, que vou para o inferno.
Também não tenho disciplina para seguir uma religião__ embora reconheça que quem consegue se entragar à religião vive melhor__principalmente porque não acredito nas religiões, nessas pessoas que dizem ter ligação direta com Ele. Eu falo com Ele todos os dias, sem intermediários.
Hoje vi imagens da escola que desabou aqui na capital do Haiti. Crianças e adultos mortos, esmagados, corpos dilacerados, uma desgraça. Onde está o livre arbítrio nesse momento? Como Ele separou os bons dos maus? Onde está o amor infinito? Será que todos já estavam suficientemente evoluídos? Estavam pagando por algo que fizeram em vidas passadas?
Foi inevitável questionar a existência de Deus.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

NÃO TENHO FÉ SUFICIENTE PARA SER ATEU


Eu nunca tive contato com um livro de apologética cristã, sempre preferi os temas contrários e por isso leio tanto Nietzsche. No entanto, ganhei de aniversário o livro NÃO TENHO FÉ SUFICIENTE PARA SER ATEU, de Norman Geisler e Frank Turek. Certamente o título nos causa um impacto inicial, em virtude da abordagem incomum, e desperta a curiosidade, haja vista sempre associarmos fé a religião, quando fé significa simplesmente acreditar.
Os autores pretendem provar, de forma incontestável e convincente “que o cristianismo é a única religião verdadeira, que o Deus trino que se revela em suas páginas é o único Deus do universo e que Cristo morreu pelos nossos pecados para que pudéssemos viver.”
Segundo o autor do prefácio, o Sr. David Limbaugh, este é o melhor livro que já viu capaz de preparar os crentes para dar razões a sua fé e para os céticos que estão abertos à verdade, condição na qual me encontro.
A argumentação do prefácio me surpreendeu já na abordagem inicial, onde o autor fala de como nós céticos manipulamos a verdade ou admitimos mais de uma verdade, exceto a daquele cristão chato e teimoso que insiste em dizer que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Pode até ser, mas como bem coloca o autor, não basta fé...tem que provar.
Veja bem, a proposta não é apenas provar a existência de Deus, mas que o cristianismo é a única religião verdadeira! Isso quer dizer que o Judaísmo, o Islamismo e todas aquelas religiões orientais são farsas. Logo, bilhões de pessoas religiosas de outras religiões estariam erradas hoje e seus adeptos historicamente estiveram errados por vários séculos e, segundo o cristianismo, irão todos para o inferno.
Além das perguntas básicas que nos fazemos diariamente, e que fazem a ligação entre a ciência e a religião, que tratam da nossa origem, identidade, propósito, moralidade e destino, os autores abordam a questão, que a meu ver é a principal:
“Se Deus realmente existe, então porque parece esconder-se? Por que simplesmente não aparece para desbancar as falsas religiões e por fim à controvérsia? Por que não intervém para eliminar todo o mal do mundo, sem deixar de fora todas as guerras religiosas que são uma mancha para seu próprio nome? E por que permite que todas essas coisas ruins aconteçam com pessoas boas?”
Não é que eu não aceite o cristianismo. Acredito em Deus, acho que realmente um dia existiu um Cristo, eu simplesmente não consigo ser meio católico, meio evangélico ou mais ou menos espírita, então não sou nada. E até começar este artigo eu achava que o agnosticismo era simplesmente não ter religião. Eu estava enganado, ser agnóstico é acreditar na impossibilidade de se provar __ ou não__ a existência de Deus.
O livro prega explicitamente que alguém criou tudo e esse é justamente um dos meus questionamentos. Por que deve haver alguém? Por que personificar? Será que esse mesmo alguém é o responsável pelo vento que sopra, por cada onda do mar, pela acomodação de camadas tectônicas que geram terremotos, pelas avalanches e pelo nascimento de seres microscópicos? Não sobrou nada para o acaso???
O livro defende que escritos antigos prediziam a vinda de um homem que seria verdadeiramente Deus. Como os cristãos vêem hoje essas pessoas que dizem predizer o futuro? Ou será que esse era um dom exclusivo dos antigos e só valia para as coisas que interessavam ao cristianismo?
Por fim, eu gostaria de ver esclarecidos alguns pontos:
1) Viemos do nada e, de repente, pela vontade de alguém, aparecemos e passamos a ter que fazer escolhas que o ser superior já sabe quais serão e se fizermos as escolhas erradas vamos para o inferno!
2) Não basta viver uma vida moral e honesta – honrar seus contratos, cuidar de sua esposa e filhos, construir um lar feliz, ser um bom cidadão, um patriota, um homem justo e reflexivo, isso é somente um modo respeitável de ser condenado ao inferno. Deus não recompensa os homens pela sua honestidade, sua generosidade, sua coragem, mas simplesmente pela sua fé. Sem fé, todas as chamadas virtudes convertem-se em pecado. Todos os homens que praticam tais virtudes sem fé merecem sofrer o suplício eterno.
(Poxa, eu era um nada e agora que fui criado sou obrigado a evoluir e corro o risco de ir pro inferno!!)
3) Se Ele é um Deus de amor, se somos seus filhos criados à sua imagem e semelhança, por que deixar ambigüidades? Por que não fazer o paraíso aqui na Terra e para todos? Por que ele não pode estar aqui entre nós, como faz a maioria dos pais?
Será que eu devia observar minha filha de longe, prover suas necessidades anonimamente, observar suas atitudes para ver se ela ia resolver me aceitar como pai para aí então eu lhe prover a vida eterna?
O agnosticismo não pode ser considerado uma decisão de uma mente vazia, como diz o livro, mas sim uma forma de descrever um estado mental que não para nega totalmente Deus, mas expressa dúvida quanto à possibilidade de atingir o conhecimento e para protesta ignorância a respeito de um grande número de coisas.
Continuo lendo o livro como me comprometi, vamos ver a que conclusões chegarei.