sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Espírito Livre

A idéia de liberdade sempre me atraiu.
Transcrevo abaixo um trecho do livro Além do Bem e do Mal, onde Nietzsche defende com maestria esse conceito:


"É preciso testar a si mesmo, dar-se provas de ser
destinado à independência e ao mando; e é preciso fazê-lo no tempo justo. Não se deve fugir às provas, embora sejam por ventura o jogo mais perigoso que se pode jogar, e, em última instância, provas de que nós mesmos somos as testemunhas e os únicos juízes. Não se prender a uma pessoa: seja ela a mais querida__toda pessoa é uma prisão e também um canto. Não se prender a uma pátria: seja ela a mais sofredora e necessitada__menos difícil é desatar de uma pátria vitoriosa o coração. Não se prender a uma compaixão: ainda que se dirija a homens superiores, cujo martírio e desamparo o acaso nos permitiu vislumbrar. Não se prender a uma ciência: ainda que nos tente com os mais preciosos achados, guardados especialmente para nós. Não se prender ao seu próprio desligamento, ao voluptouso abandono e afastamento do pássaro que ganha sempre mais altura para ver mais e mais coisas abaixo de si:__perigo daquele que voa. Não nos prendermos às próprias virtudes e nos tornarmos, enquanto todo, vítimas de uma nossa particularidade, por exemplo, de nossa "hospitalidade": o perigo por excelência para as almas ricas e superiores, que tratam a si mesmas prodigamente, quase com indiferença, exercitando a liberdade ao ponto de torná-la um vício. É preciso saber preservar-se: a mais dura prova de independência."

Contudo, não teria o filósofo esquecido que, escolher estar preso a alguém ou alguma coisa, pode ser a maior prova de liberdade que se pode dar?

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