quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

E o Ano Novo já vem!!!

O ano de 2008 começou muito mal. Sem grandes expectativas...era pra ser um ano de descanso e vagabundagem. Não foi.

Fiz novas amizades, duradouras e efêmeras.

Fui a festas, viajei, aprendi, li, estudei, malhei, fiz este blog, fiz o bem sempre que pude e ainda ganhei um sobrinho!! (Seja bem vindo Gabriel!!)

Em julho comecei a me preparar para a missão no Haiti, me dediquei inteiramente, é a realização de um sonho.

Para estar aqui abri mão de muitas coisas e novamente ganhei e perdi. Mas, como aprendi que ninguém vai ser feliz por mim, sigo buscando a minha felicidade. (Somente assim poderei fazer alguém feliz)

O ano de 2009 promete muito, sinto isso...não é essa sensação que temos todo ano, contagiados pelo oba-oba do momento...é de verdade.

Tenho planos, objetivos e metas para o ano que chega, diferentemente deste que vai.

Além disso vou ganhar mais uma sobrinha!!

Quero mais uma vez agradecer os emails e telefonemas com votos de felicidades para o próximo ano e desejar a todos um 2009 repleto de amor, saúde, realizações, sucesso, sexo, dinheiro no bolso, orgasmos, paz, trabalho, fraternidade, sexo, conquistas, rock'n roll, orgasmos múltiplos, passeios no parque, banhos de mar, sexo, felicidades, risadas irresponsáveis, noites mal dormidas, orgasmos, beijo na boca.

Obrigado Senhor!!

Feliz 2009!!!!

P.S. Fefê, obrigado por reunir a família para me desejar um feliz ano novo, foi muito especial. Te gosto muito!!

domingo, 28 de dezembro de 2008

Pensamentos Soltos

Gostaria de não precisar dormir, tenho essa necessidade.

Sou capaz de dormir um final de semana inteiro, tenho essa capacidade.

O sono não me incomoda. Começo a embrulhar as palavras.

Tenho sonhos que duram segundos e falo coisas sem nexo (para quem ouve).

Já quase me dei mal por causa disso (mais de uma vez).

Eu sempre quero fazer várias coisas ao mesmo tempo.Nunca faço.

Quando consigo fazer alguma coisa, disfarço a alegria.

Sou um eterno insatisfeito... no bom sentido. (se é que isso existe).

Estou ficando velho e isso me incomoda. Já vejo no espelho.

Não só cabelos brancos ou uma cara enrugada, estou ficando velho, é o tempo.

Tenho muitas coisas a fazer, 120 anos não vai dar!

Às vezes me sinto muito imaturo, meio ingênuo, inseguro. (você nunca!?)

Mas é porque me sinto jovem, me recuso a ser chato, rabugento e medroso, gosto da audácia.

Tenho algumas certezas, mas tenho muito mais dúvidas.

(Nem sempre sei o que é melhor pra mim.)

Outras vezes me sinto triste, vazio, quase deprimido.

Aí como alguma coisa e passa tudo! (Fico muito chato com fome).

Outras vezes ainda me sinto superior, melhor, insuperável, imortal mesmo.

E passo por arrogante.

Isso é uma fotografia.

Sou eu ou o ambiente?

Apenas pensamentos soltos traduzidos em palavras, você não entende?

Nem eu, apenas pensamentos soltos.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Então é Natal!!

Mais um natal fora de casa.

Considerando-se que o problema maior é a distância das pessoas que mais amo, estar fora de casa é um detalhe.

Natal pede um lar.

Me lembro bem dos últimos...

Ano passado foi muito bom!! Amigos reunidos na casa da Karina com tudo o que um Natal exige, comidas gostosas, troca de presentes, oração, jogos, música, mas faltou minha família.

O natal na casa dos meus pais sempre foi muito gostoso e me traz boas lembranças. Mesmo com os filhos grandes, meus pais insistiam na história do papai noel e acho que até hoje ainda acordam de madrugada pra colocar os presentes na árvore. Tomamos umas cervejas, refigerantes e, na hora da refeição, meu pai reúne todos em volta da mesa e puxa o Pai Nosso, depois jantamos.

Este ano vou passar aqui no Haiti, com a familia militar, a família da Companhia de Engenharia de Força de Paz Haiti.

Estamos aqui a toda velocidade ampliando a base e preparando as coisas para a noite. Todos naquele clima de saudosismo, mas muito conscientes pela escolha que fizemos.

(Retomando o post que eu parei às 17h)

Agora são 23:55 do dia 24 no Haiti, a festa aqui na base já acabou e estou na minha cama.

Foi muito bom, muito melhor que eu imaginava, realmente emocionante!

Consegui falar com as pessoas mais importantes da minha vida

Tivemos sorteio de brindes e depois o momento de maior emoção (não...não foi a chegada do papai noel...dããããããã!!!!!!)

Nosso mestre de cerimônias passou um vídeo com recados das famílias dos que estão aqui!!!

Veja só, ele entrou em contato com os quartéis da galera e os quartéis buscaram as famílias. Estas gravaram vídeos mandando mensagens natalinas (de amor) para os militares que estão aqui...aí foi foda, desabei.

Percebi o que é ser avulso!!!!

Nenhuma mensagem para mim!! Com quem o Centro de Pagamento do Exército faria contato????? Impossível...mas a culpa é minha.

Os telefonemas que recebi me fortaleceram, mas não pude me conter e chorei.

Tomamos outra garrafa de Green Label, comemos do bom e do melhor (sucesso total), chorei, sorri e agora vou dormir.

Feliz Natal!!!

P.S. Minha filha te amo mais que tudo nessa vida, mais que minha própria vida você é a razão da minha existência, minha missão aqui, pedaço de mim. Te amo loucamente. Papai fez contato com Papai Noel e vc vai ganhar um presente muito legal, vai demorar, mas chega.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A vida aqui.


A vida aqui não é ruim, nem boa, é suportável.
Aprendi a ser moderado nas minhas necessidades. Embora goste de coisas boas, posso viver com banho frio, corneteiro tocando alvorada, ter que fazer a barba de segunda a sábado, falta de privacidade, expedientes infindáveis, horários rígidos para refeições, um colchão ruim, falta de sexo, entre outras coisas.
O pior é a coletividade, mas nem isso chega a ser um fator impeditivo, se o fosse eu não teria sido voluntário. Quem passou por 5 anos de internato em escolas militares está bem acostumado, ou melhor, bem preparado.
Nossa coletividade é bem peculiar. Diferente das a que estamos acostumados nos condomínios, clubes, escolas e trabalho, aqui nós temos a famosa dupla, hierarquia e disciplina, bem definidas e, como as pessoas que aqui estão foram bem selecionadas, pelo menos queremos crer nisso, todos procuramos identificar os limites e respeitar particularidades.
Ainda assim não é simples...na alvorada por exemplo, alguém teve a brilhante idéia de colocar música logo cedo, então havia o dia do rock, do axé, do forró, do sertanejo...sempre alguém reclamava...mas a maioria esmagadora achava bom. Aí o que aconteceu...quem é que não pode ver um microfone e uma oportunidade de falar para muitos? Sim, os evangélicos....Foram ao comandante e pediram para aproveitar aquele horário e difundir a palavra do Senhor. Inicialmente eles interrompiam o que estava tocando colocavam um gospel baixinho e liam um trecho da Bíblia, hoje acabaram com a música, só toca gospel e os trechos estão cada vez maiores..estou pensando se peço também para revezar com eles e ler uns trechos de alguns filósofos. Entre eles Nietchze claro.
Temos aqui representantes de quase todos os estados da federação, com seus costumes, músicas, sotaques e manias. Impossível agradar a todos. Cada um tem a melhor solução para todo e qualquer problema e acha que seus problemas sempre são mais relevantes.
Estamos enfim ampliando nossas instalações. Recebemos um vôo de ressuprimento na semana passada e no sábado ( anteontem) aportou aqui o Navio Matoso Maia, da nossa Marinha. Recebemos novos containeres, mais modernos e equipados com bebedouros, janelas, mesas para estudo, TV LCD, frigobar e armário, um luxo só... mas não têm cortina nas camas. Ainda essa semana devo fazer mais uma mudança, agora para o container definitivo com apenas 3 integrantes.
Assim o tempo aqui vai passando cada vez mais rápido, já estou aqui há mais de 1 mês e não consegui fazer as coisas que havia planejado, não corro todos os dias, não emagreci, não estudei francês, parei minhas leituras, não estudei nada para a prova da ECEME e estou tendo dificuldade em manter o blog atualizado, tudo isso por que o trabalho aqui consome todo meu tempo.
Conversando com o pessoal da cozinha hoje eles lembraram bem que, se considerarmos as dispensas que vamos ter a partir do mês que vem, de trabalho mesmo faltam apenas 4 meses. Só!! e eu ainda tenho um monte de coisas a fazer aqui!!
Já na semana passada eu havia me atentado para esse problema do tempo e consegui fazer algumas coisas diferentes. Na sexta acompanhei o comandante no weekly briefing, no sábado fui à feirinha e no domingo fui à praia.
O weekly briefing é feito no Hotel Christopher, um dos melhores da capital, que foi alugado pela ONU para abrigar o comando militar da MINUSTAH e é, como o próprio nome diz, uma reunião semanal que ocorre às sextas-feiras. Neste evento o General Santos Cruz (Force Comander) reúne seu Estado-Maior e recebe todos os comandantes de contingente para uma troca de informações. Então são passados os fatos ocorridos na semana e o que está planejado para a próxima. Detalhe, tudo em inglês...imagine gente de todos os lugares do mundo falando inglês...se você entender 10% fique satisfeito. `No bar que fica à beira da piscina (que está vazia) os militares se reúnem, tomam umas cervejas, e curtem um momento de relaxamento.
A feirinha e a praia merecem um post à parte, além do mais este já está muito longo e eu estou cansado.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Mais uma semana ou menos uma semana.

Estou feliz por estar aqui, embora me sinta entediado algumas vezes...normal.
O final de semana foi bom, no sábado à noite juntamos os amigos mais uma vez para uma sessão de uísque e rock'n roll. No domingo acordei tarde e tive um dia pouco produtivo, aliás como deve ser um domingo.
Assisti Babel, um filme que há muito estava querendo ver. Uma história muito interessante que mostra como a prática da ação e reação, causa e conseqüência, e como isso vale, independente de distância, pois um fato ocorrido em Marrocos tem reflexos nos Estados Unidos, México e Japão.
Não é uma queda da bolsa ou alta do preço do petróleo nem um atentado terrorista, é uma atitude simples, impensada e completamente irresponsável de um menino.
Esses fatos encadeados mostram como o mundo está ficando pequeno, pessoas vão a todos os lugares, exploram as possibilidades.
Ainda me encanto quando converso com alguém que me diz que estava em dúvida se aceitava um emprego no Canadá ou se ia para o Chile, fotos de vários lugares do mundo, idiomas, conhecimento.
Finalmente parece que chegou minha vez...afinal, eu sou do mundo e não quero passar por este planeta sem explorar tudo o que eu puder. Simplesmente não aceito limitações além daquelas que trago no DNA. Se existe alguma coisa, se é possível, se só depende de mim eu vou buscar!
Um outro ponto que o filme abrange muito bem é a mistura perigosa entre a irresponsabilidade e a ignorância. Essa mistura causa uma reação que precisa necessariamente que, em algum momento, alguém pare!
É o menino que atira, o sobrinho que dirige bêbado e a polícia que chega atirando, definitivamente é o dia a dia!!
Temos que refletir, a Filosofia nos ensina que quem não pensa antes de agir não é dono dos seus atos, simplesmente não é livre, é um animal escravo de instintos. É preciso pensar...(e quantas coisas eu fiz sem pensar...ou pensei e fiz assim mesmo.)
A japonesinha é um show à parte. A agonia que ela passa em virtude de ser surdo-muda, a forma como ela vê o mundo e as situações que ela vive...é impossível não parar para pensar. A mãe suicidou-se com um tiro na cabeça, os hormônios da adolescência, a chacota das amigas pela sua virgindade e a idiotice própria dos meninos a torna presa fácil de aproveitadores, mas ainda existe dignidade no mundo.
Enfim, bons atores, boa história, ótimo filme.
Essa semana completo um mês de Haiti. Já conheço os principais fornecedores da Companhia, as principais rotas aqui da capital, estou aclimatado e adaptado à rotina .
A cidade está em paz, o país vive um momento político importante de evolução para uma verdadeira democracia.
Aqui as pessoas são honestas, simples e tem uma moral que surpreende. Existe uma elite intelectual, educada principalmente nos EUA, que ama este lugar e faz tudo para melhorá-lo. Há um sentimento patriótico, um culto aos seus heróis e uma politização que não se vê no Brasil.
Infelizmente o país teve seus recursos naturais quase que completamente consumidos e foi vítima de ditadores.
Como seria bom chegar a um lugar no Brasil e encontrar um busto de Tiradentes, do Duque de Caxias, do Marechal Deodoro, nossa juventude mal sabe que foram essas pessoas ou o que fizeram pelo nosso país. Qualquer manifestação pode ser facilmente esvaziada por um trio elétrico tocando axé,ou um forró rasgado, cheio de bundas e rostinhos bonitos.
Sinto falta das baladas, de amigos, da família, meu apartamento, Brasília, Recife, Rio de Janeiro e uma saudade enorme da Bia.
Mas estou aqui buscando minha realização pessoal e profissional. Estou onde eu queria, como eu queria, sou um privilegiado.

domingo, 14 de dezembro de 2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Continuo aqui!!

Prezados amigos, eu não abandonei meu Blog.
A semana passada foi de muuuuuuuito trabalho. Na quarta recebemos uma comitiva com Generais, políticos, integrantes do Ministério das Relações Exteriores e o Embaixador do Brasil no Haiti que, além de vir prestigiar a solenidade de passagem de comando dos contingentes brasileiros, vieram tratar também de outros assuntos de interesse do nosso governo.
A loucura começou no jantar de quarta quando organizamos um rodízio de pizzas, além das autoridades supramencionadas estavam presentes também militares do Batalhão de Infantaria Brasileiro (BRABATT).
A quinta começou mal, logo cedo eu tomei uma bronca (merecida, eu estava meio aéreo mesmo...) e de noite foi a passagem de comando. Não fui à formatura pois tinha que coordenar o coquetel de comemoração que seria servido após a solenidade. A propósito, aqui na capital podemos encontrar umas duas ou três pessoas bem preparadas para atender a eventos com buffet. O coquetel foi muito bem montado e bem servido, mas meus clientes...só lembrei do Wagner (meu irmão) e do desgosto que ele tem de ser aprovisionador, sinceramente, ainda bem que nunca desempenhei essa função no Brasil.
Enfim, com a passagem de comando nosso contingente assumiu em definitivo os trabalhos de engenharia e nosso tempo começou a contar! Serão 28 finas de semana aproximadamente.
A sexta foi mais tranqüila, até estranhamos a paz...sem quaisquer autoridades, sem correrias, sem festividades...enfim teríamos um final de semana de descanso. O que eu não esperava era me aborrecer antes de dormir. Mas...tudo é aprendizado.
O sábado foi muito bom, na parte de manhã fui visitar uns fornecedores e pela tarde fiz minha mudança para o novo container!! Embora ainda não seja o definitivo, é melhor que o anterior. Agora somos 5, com acesso à internet de dentro do container e com direito à cortina no beliche...enfim a privacidade!!
Isso mesmo, privacidade...você consegue imaginar um beliche que tem cortinas IMEXÍVEIS, como se fossem paredes!!! eu estou na cama de cima do beliche do fundo, só vendo mesmo, prometo colocar uma foto aqui depois.
No sábado à noite nosso tradicional churrasco, aproveitei para secar meu Jhonny e, juntamente com o Jair, secamos o Jhonny do Hermes também. Joguei xadrez, joguei conversa fora até duas da manhã, depois joguei um pano pra dentro do container pois um companheiro tinha vomitado...eca!!! a única cama que ele não melou foi a minha...hehehehehehehehehehehe!
No domingo foi uma preguiça sem fim...dormi praticamente o dia todo, um desperdício, mas acho que eu estava precisando...mesmo assim fico com peso na consciência.
Hoje acordei disposto, trabalhei muito, fiz minha física, cortei o cabelo e tive até disposição para escrever esse post.
No momento não estou conseguindo dar andamento às minhas leituras, mas pretendo retomar essa semana.

sábado, 29 de novembro de 2008

Our Base!!!

Here is where I live since 17th, November, the container 30.
I will move to another container, maybe before Christmas and stay there until the beginning of June, 2009.

We are six, four majors and two captains.
We keep our things in these clothing stores.
They are no sufficient or comfortable and
we don’t have privacy.




This is what I see when I wake up. I like it.

This is the main courtyard of the base and there is the main place, the operations room and the command.

Here is our kitchen.

Our laundry…

Our equipments… Here is where we make our parties, barbecues and play some games.
It’s not so bad to stay here. I think it’s an opportunity to reflection, study, help other people, save some money, learn new things and know yourself. We have good food, we practice sports and exercise the patience and tolerance.

NÃO TENHO FÉ SUFICIENTE PARA SER ATEU - FINAL

Vou começar este post respondendo aos comentários e então sigo nas minhas considerações.
1) Sr.(a) Anônimo, não sei quem é você que me prometeu uma Bíblia. De fato eu não tenho uma, mas não me lembro de quem me fez a promessa. Receberei com carinho e prometo ler.
2) Será que temos mesmo o tão falado livre-arbítrio ou já está tudo escrito? Sinceramente não sei. Mas sei que temos que nos responsabilizar por nossas atitudes. Penso que as coisas só nos acontecem porque permitimos (criamos condições, corremos o risco) ou pelo acaso, Deus para quem preferir (variáveis que não controlamos).
3) Segundo a Bíblia existe sim inferno e o coisa ruim. É como o próprio autor fala, não tem como haver duas verdades, ou o inferno existe ou a Bíblia mente.
4) As crianças que são abusadas e assassinadas diariamente estão entre os bons ou entre os maus? Será que já tinham cumprido sua missão? Estavam pagando por algo em vidas passadas? Precisa ser tão trágico?
5) De fato eu confio muito nas minhas próprias forças, mas você sabe bem que eu agradeço mais que peço.
6) Será que as pessoas só sentem a presença de deus quando estão na pior? No forró, pagode, samba, baile funk, festas em geral, alguém sente a presença de Deus? Nunca vi ninguém chegar ao final de uma festa e dizer "nossa, como eu senti a presença de Deus na balada de hoje".
Embora eu não tenha chegado à metade do livro, pretendo que essas sejam minhas últimas considerações a seu respeito, mas prometo ler até o final.
Os autores têm argumentos interessantes e defendem muito bem a causa a que se propuseram, contudo as provas científicas requerem um estudo profundo o que me leva a concluir que eles contam que o leitor não vai ter paciência de ficar pesquisando se o que eles colocam é realmente verdadeiro ou se poderia ser entendido de uma outra forma, assim como um bom advogado consegue reverter as causas mais improváveis.
Como exemplo da complexidade das provas cito aqui o acrônimo SURGE, que significa:
Segunda lei da termodinâmica;
Universo em expansão
Radiação do Big Bang
Grandes galáxias, Sementes de
Einstein, A Teoria da Relatividade de
Sinceramente não provam a existência de Deus.
Algumas condições impostas pelos autores:
"O Universo está ficando sem energia utilizável e um dia morrerá."
O Universo estaria sem energia agora se estivesse funcionando desde a eternidade passada."(???)
"O Universo não pode ser eterno__ teve obrigatóriamente um início__ pois, se fosse eterno, a bateria já teria acabado a esta altura." (???)
"Era uma vez um nada e então bang!, havia alguma coisa."
"O fato de o Universo estar ficando sem energia utilizável e caminhando para o caos é indiscutível!".
"Tudo que venha a existir precisa de uma causa. Deus não veio a existir, ninguém O fez. Ele não é feito. Como ser eterno, Deus não tem um começoe, assim, Ele não precisou de uma causa."
Depois os autores falam das do princípio antrópico e suas constantes (122 no total) que são as características existentes na Terra que permitem a existência de vida. Buscando provar que é impossível que não tenha havido inteligência por trás disso, que não pode ser obra do acaso.
Enfim, quero deixar claro que acredito em Deus. Não como um ser, uma personificação, mas alguma coisa que rege tudo, talvez uma energia...Eu sinto que existe algo superior.
Quem me conhece sabe que eu costumo dizer que sou muito abençoado e que comigo tudo sempre dá certo. Eu sinto, sinceramente, que sou acompanhado por algo sobrenatural e que pode ser Deus, deve ser Deus, porque me faz muito bem.
Uma outra coisa que percebi com a leitura foi que eu não faço a ligação Deus-Cristo. Não acho que Jesus Cristo fosse Deus. Acho muito bonita a história, gosto dos filmes que tratam do assunto, o vejo como um homem acima do normal mas, definitivamente, não consigo fazer o link. O que significa, segundo os cristãos, que vou para o inferno.
Também não tenho disciplina para seguir uma religião__ embora reconheça que quem consegue se entragar à religião vive melhor__principalmente porque não acredito nas religiões, nessas pessoas que dizem ter ligação direta com Ele. Eu falo com Ele todos os dias, sem intermediários.
Hoje vi imagens da escola que desabou aqui na capital do Haiti. Crianças e adultos mortos, esmagados, corpos dilacerados, uma desgraça. Onde está o livre arbítrio nesse momento? Como Ele separou os bons dos maus? Onde está o amor infinito? Será que todos já estavam suficientemente evoluídos? Estavam pagando por algo que fizeram em vidas passadas?
Foi inevitável questionar a existência de Deus.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

NÃO TENHO FÉ SUFICIENTE PARA SER ATEU


Eu nunca tive contato com um livro de apologética cristã, sempre preferi os temas contrários e por isso leio tanto Nietzsche. No entanto, ganhei de aniversário o livro NÃO TENHO FÉ SUFICIENTE PARA SER ATEU, de Norman Geisler e Frank Turek. Certamente o título nos causa um impacto inicial, em virtude da abordagem incomum, e desperta a curiosidade, haja vista sempre associarmos fé a religião, quando fé significa simplesmente acreditar.
Os autores pretendem provar, de forma incontestável e convincente “que o cristianismo é a única religião verdadeira, que o Deus trino que se revela em suas páginas é o único Deus do universo e que Cristo morreu pelos nossos pecados para que pudéssemos viver.”
Segundo o autor do prefácio, o Sr. David Limbaugh, este é o melhor livro que já viu capaz de preparar os crentes para dar razões a sua fé e para os céticos que estão abertos à verdade, condição na qual me encontro.
A argumentação do prefácio me surpreendeu já na abordagem inicial, onde o autor fala de como nós céticos manipulamos a verdade ou admitimos mais de uma verdade, exceto a daquele cristão chato e teimoso que insiste em dizer que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Pode até ser, mas como bem coloca o autor, não basta fé...tem que provar.
Veja bem, a proposta não é apenas provar a existência de Deus, mas que o cristianismo é a única religião verdadeira! Isso quer dizer que o Judaísmo, o Islamismo e todas aquelas religiões orientais são farsas. Logo, bilhões de pessoas religiosas de outras religiões estariam erradas hoje e seus adeptos historicamente estiveram errados por vários séculos e, segundo o cristianismo, irão todos para o inferno.
Além das perguntas básicas que nos fazemos diariamente, e que fazem a ligação entre a ciência e a religião, que tratam da nossa origem, identidade, propósito, moralidade e destino, os autores abordam a questão, que a meu ver é a principal:
“Se Deus realmente existe, então porque parece esconder-se? Por que simplesmente não aparece para desbancar as falsas religiões e por fim à controvérsia? Por que não intervém para eliminar todo o mal do mundo, sem deixar de fora todas as guerras religiosas que são uma mancha para seu próprio nome? E por que permite que todas essas coisas ruins aconteçam com pessoas boas?”
Não é que eu não aceite o cristianismo. Acredito em Deus, acho que realmente um dia existiu um Cristo, eu simplesmente não consigo ser meio católico, meio evangélico ou mais ou menos espírita, então não sou nada. E até começar este artigo eu achava que o agnosticismo era simplesmente não ter religião. Eu estava enganado, ser agnóstico é acreditar na impossibilidade de se provar __ ou não__ a existência de Deus.
O livro prega explicitamente que alguém criou tudo e esse é justamente um dos meus questionamentos. Por que deve haver alguém? Por que personificar? Será que esse mesmo alguém é o responsável pelo vento que sopra, por cada onda do mar, pela acomodação de camadas tectônicas que geram terremotos, pelas avalanches e pelo nascimento de seres microscópicos? Não sobrou nada para o acaso???
O livro defende que escritos antigos prediziam a vinda de um homem que seria verdadeiramente Deus. Como os cristãos vêem hoje essas pessoas que dizem predizer o futuro? Ou será que esse era um dom exclusivo dos antigos e só valia para as coisas que interessavam ao cristianismo?
Por fim, eu gostaria de ver esclarecidos alguns pontos:
1) Viemos do nada e, de repente, pela vontade de alguém, aparecemos e passamos a ter que fazer escolhas que o ser superior já sabe quais serão e se fizermos as escolhas erradas vamos para o inferno!
2) Não basta viver uma vida moral e honesta – honrar seus contratos, cuidar de sua esposa e filhos, construir um lar feliz, ser um bom cidadão, um patriota, um homem justo e reflexivo, isso é somente um modo respeitável de ser condenado ao inferno. Deus não recompensa os homens pela sua honestidade, sua generosidade, sua coragem, mas simplesmente pela sua fé. Sem fé, todas as chamadas virtudes convertem-se em pecado. Todos os homens que praticam tais virtudes sem fé merecem sofrer o suplício eterno.
(Poxa, eu era um nada e agora que fui criado sou obrigado a evoluir e corro o risco de ir pro inferno!!)
3) Se Ele é um Deus de amor, se somos seus filhos criados à sua imagem e semelhança, por que deixar ambigüidades? Por que não fazer o paraíso aqui na Terra e para todos? Por que ele não pode estar aqui entre nós, como faz a maioria dos pais?
Será que eu devia observar minha filha de longe, prover suas necessidades anonimamente, observar suas atitudes para ver se ela ia resolver me aceitar como pai para aí então eu lhe prover a vida eterna?
O agnosticismo não pode ser considerado uma decisão de uma mente vazia, como diz o livro, mas sim uma forma de descrever um estado mental que não para nega totalmente Deus, mas expressa dúvida quanto à possibilidade de atingir o conhecimento e para protesta ignorância a respeito de um grande número de coisas.
Continuo lendo o livro como me comprometi, vamos ver a que conclusões chegarei.



sábado, 22 de novembro de 2008

Impublicáveis

Me deu vontade de escrever essas coisas que um periódico jamais publicaria.
Hoje acordei preguiçoso e com dor de cabeça, talvez pela long neck que tomei ontem...só uma, será? Tomei um comprimido de dipirona, não fez muito efeito, pra mim o bom mesmo é paracetamol.
Coloquei minhas roupas pra lavar na máquina e fui pra internet.
50 minutos depois fui conferir...não ficou bom, tive que botar pra lavar de novo. Voltei pra internet.
50 minutos depois alguém já tinha tirado minha roupa da máquina. Peguei tudo pendurei no varal.
Sentamos eu, Jair e Guerson pra tocar violão, cantar Legião e bater na palma da mão (hehehehehehe).
Senti falta de alguém.
Os planos pra hoje são complexos...correr, malhar, tomar umas doses e falar bobagens.
Vou almoçar que estou com fome.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Primeiras impressões

Essa semana eu já saí à rua em companhia de um dos encarregados de efetuar as compras. Colete à prova de balas, pistola com o carregador pleno, capacete e óculos escuros, é o mínimo exigido para sair da base, assim eu fui.
Passamos primeiro no Soge Bank onde abri minha conta (agora já tenho conta no exterior, chique néééééééé!!!!!) o atendimento frio, a falta de informatização, a demora e o fato de eu não entender porra nenhuma do que estavam falando foi me deixando puto, mas tudo bem...saí agradecendo com um “merci madame” e um sorriso falso. É o único banco em que eu posso receber o suprimento de fundos que terei que administrar aqui.
Ao sair do banco aceitei o convite do meu guia e fui conhecer um lugar carinhosamente denominado “cozinha do inferno”. Fica perto do porto, o cheiro é horrível e a imagem ainda pior. Uma mistura de porcos, cabras, cachorros, gente, comida e esgoto a céu aberto, uns barracos de zinco, movimentação, gritaria de vendedores, buzina dos tap-taps.... E olha que o lugar está bem melhor do que era há pouco tempo, teve até uma área de quiosques doada pelo Hugo Chavéz, com direito a placa e bandeira da Venezuela.
Ontem foi dia de ir ao mercado, fomos comprar artigos para o rancho. É possível comprar quase tudo aqui no Haiti, o problema é a quantidade, não é sempre que um mercado tem material suficiente para suprir as necessidades de um batalhão. O dono é um libanês que se destaca, primeiramente por ser muito branco e depois pelos modos educados.
Andando pelas ruas, a impressão que se tem é que os haitianos estão se defendendo, buscando sobreviver, cada um por si. Embora simpáticos, sabem deixar claro quando estão insatisfeitos é neste momento que aparece a consciência de coletividade, quando surge uma liderança que rapidamente consegue reunir a massa e reivindicar. Ainda não passamos por isso.
Quanto à segurança, posso dizer que os haitianos andam pelas ruas menos preocupados que os cariocas e pernambucanos em suas capitais, talvez porque não tenham o que entregar para o ladrão.
Essa semana fica marcada em mim pelas seguintes imagens:
- A beleza do Haiti visto de cima, com suas praias, montanhas e lagos;
- O haitiano comendo do lixo que retirava daqui da base;
- A miséria e sujeira da cozinha do inferno;
- A simpatia e esperteza do menino que me acompanhou por uns metros na corrida;
- O trânsito louco, com seus tap-tap multicoloridos e barulhentos.
- A alegria dos que retornam para o Brasil!
Prometo colocar as fotos aqui num outro post.

Sobre o Amor e o Romance

Ana Karla é uma das pessoas mais inteligentes e inocentes que já conheci. Sua capacidade de argumentação, cultura e dedicação aos assuntos que realmente lhe interessam a transformam numa mulher forte e de atitude, enquanto sua inocência a coloca em situações difíceis de explicar... só mesmo a conhecendo.
Devidamente autorizado transformei o comentário dela, referente ao artigo sobre Pórcia e Bassânio, num post, espero que sirva de estímulo para que ela faça seu próprio Blog e passe a nos presentear mais amiúde com suas idéias. Enquanto isso sigo me sentindo privilegiado por tê-la como leitora.

"Acho que as obras de Shakespeare continuam a fazer sucesso não só pela genialidade, mas porque encontram identificação. Acho sim que existe tal amor nos tempos atuais. Eu já amei assim um dia...No filme Romance, Guel Arraes fala no amor de Tristão e Isolda e diz que romance sem sofrimento não existe, acho que ele tem mesmo razão e, como diz o Apóstolo Paulo, na I Carta aos Coríntios, capítulo 13: o amor é paciente, é benigno, tudo suporta, tudo sofre, tudo espera, tudo crê.
Talvez o nosso imediatismo e a acentuada oferta não nos permita mais exercitar a longanimidade. Afinal, não queremos sentir dor, queremos curar nossas feridas de amor agora, já. E, sem querer, acabamos criando outras, como a insatisfação e a frustração, a exemplo de quando delegamos ao substituto do "amor despedaçado" a difícil missão de ser quem a gente gostaria que fôsse e que ele, irremediavelmente, não é.
Quer ver outro transtorno? É a a incapacidade de resolução dos problemas, pois, em vez de nos resolvermos com o "amado" preferimos substituí-lo, afinal se ajustar ao outro, demanda a tal paciência e disposição que a maioria das pessoas não têm. O consumismo descartável atingiu também o amor e o sentimento das pessoas. Para a tristeza nossa que estamos preparados e disponíveis para o romance, pois, o amor pode ser solitário, mas o romance nunca.E assim, seguimos vivendo, atrás do verdadeiro corajoso que não é o que tem grande capacidade de "reciclagem", mas do que é capaz de amar com generosidade e perseverança. E como tá difícil!!
A única observação que faço aos amores dos personagens é que os amantes sempre se dão muito bem e lutam contra os obstáculos exógenos e essa é a diferença fundamental da realidade: na maioria dos casos os obstáculos não são dragões, ódio entre as famílias, mas o dia-a-dia e os desentendimentos provenientes da forma singular e única de pensar e agir de cada um que forma o casal. Às vezes conflita.
Lembre-se: o amor pode ser solitário, o romance nunca!!"
Ana Karla

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Enfim no Haiti!!


Chegou o dia tão esperado!
Embarcamos dia 16, com 2 horas de atraso (normal) na Base Aérea de Brasília. Como sempre familiares e amigos estavam presentes para fotografar e se despedir, enfim marcar sua participação e matar um pouco da curiosidade que a atividade desperta.
Viemos num Boeing da FAB com aproximadamente 100 lugares, mais apertados que na Gol, que pode ser adaptado para o transporte de passageiros ou de carga. Recebemos um lanche e nos acomodamos. Dentro do avião, enquanto está pousado, o calor é terrível, acho que o ar condicionado não pode ser ligado...de qualquer forma, depois da decolagem fica bem melhor.
Primeira escala em Recife onde pude abraçar, beijar e apertar a Bia. Vou morrer de saudades dela. Estar lá, mesmo que por alguns minutos, foi ótimo, fundamental!
Novo embarque e seguimos para Boa Vista, outro lanche, muito calor antes da decolagem.
Chegamos em Boa Vista e seguimos para o quartel onde estava previsto o pernoite. Era a segunda alteração de horário no mesmo dia. Nem jantei, tomei um banho e fui dormir.
A primeira atividade após o café do dia 17 foi o desembaraço alfandegário no aeroporto de Boa Vista, onde tive que declarar meu notebook para não ter problemas no retorno.
Por volta das 10h embarcamos mais uma vez, agora para o Haiti. Mais calor, mais um lanche...
A viagem durou aproximadamente 3 horas e 45 minutos, a vista do Haiti lá de cima é linda, com suas montanhas e lagos, o verde aparece tímido em pequenos arbustos, a devastação foi grande. O aeroporto é simples. Nosso desembarque foi rápido e a alegria era grande, eu nem sabia para onde olhar, tantas eram as coisas que eu queria ver.
Do aeroporto seguimos para a Log Base, onde fizemos as nossas ID (identificação da ONU). Foi um processo ágil e rápido, logo em seguida fomos para a base da BRAENGCOY, local que vai ser nossa morada nos próximos 6 meses.
As primeiras impressões nos remetem a tudo aquilo que nos foi dito na preparação: a multinacionalidade da MINUSTAH, o trânsito caótico das ruas da capital haitiana com seus tap-tap coloridos, o povo sofrido, a organização da BRAENGCOY.
Chegamos e fomos alojados provisoriamente num container para visitantes.
Idéias iniciais, sem qualquer tipo de ordenamento:
1) Aperfeiçoar meu inglês e aprender um pouco mais de francês;
2) Comer menos ( a comida é muito boa) e correr todos os dias.
3) Procurar melhorar o que já foi feito, otimizar processos e aprender mais sobre a minha profissão.
4) Ajudar os haitianos e colaborar para que a Companhia de Engenharia de Força de Paz cumpra com seus compromissos;
5) Conhecer o máximo dos outros exércitos que estão aqui;
6) Ler 6 livros e estudar para a ECEME;
7) Manter este Blog atualizado;
8) Fazer umas comprinhas para mim e para as pessoas queridas;
9) Juntar algum dinheiro;
10) Ser mais disciplinado.
Por enquanto é só, cansei de escrever e tenho que sair pra correr!!

Mulher Virtuosa

Não fui criado na religião e nem me faz falta.
Estou mais para agnóstico que para espírita.
Nada disso me impediu de admirar a beleza do provérbio 31.
Uma mulher virtuosa moderna me apresentou a esse texto, e isso faz toda diferença.
Esse post é em homenagem a ela, que me ajudou a ser uma pessoa melhor.

MULHER VIRTUOSA

Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis.
O coração do seu marido está nela confiado; assim ele não necessitará de despojo.
Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.
Busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com suas mãos.
Como o navio mercante, ela traz de longe o seu pão.
Levanta-se, mesmo à noite, para dar de comer aos da casa, e distribuir a tarefa das servas.
Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com o fruto de suas mãos.
Cinge os seus lombos de força, e fortalece os seus braços.
Vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite.
Estende as suas mãos ao fuso, e suas mãos pegam na roca.
Abre a sua mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado.
Não teme a neve na sua casa, porque toda a sua família está vestida de escarlate.
Faz para si cobertas de tapeçaria; seu vestido é de seda e de púrpura.
Seu marido é conhecido nas portas, e assenta-se entre os anciãos da terra.
Faz panos de linho fino e vende-os, e entrega cintos aos mercadores.
A força e a honra são seu vestido, e se alegrará com o dia futuro.
Abre a sua boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua.
Está atenta ao andamento da casa, e não come o pão da preguiça.
Levantam-se seus filhos e chamam-na bem-aventurada; seu marido também, e ele a louva.
Muitas filhas têm procedido virtuosamente, mas tu és, de todas, a mais excelente!
Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa sim será louvada.
Dai-lhe do fruto das suas mãos, e deixe o seu próprio trabalho louvá-la nas portas.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O amor de Pórcia e Bassânio


Nunca me considerei um romântico, embora eu goste de enviar flores, presentear, fazer surpresas. Mas aquele romantismo meloso tipo...”a nossa música” ou ficar olhando estrelas ou mesmo lembrar de datas, já tentei e não combina comigo.
Estou em busca de um amor, do jeito que diz a música “quero um amor maior que eu!”. Mas eu quero amar muito, um amor que é entrega, que sonha e que até dói uma dor gostosa de saudade quando acaba de sair de casa.
Quero um amor como o de Pórcia e Bassânio, em O Mercador de Veneza, de Shakespeare.
Não sei se é da época e hoje em dia não se ama mais assim (o que é uma pena), ou se é mesmo a genialidade do autor que soube, entre outras coisas, demonstrar como uma mulher sem vivência e sem estudo pode ser astuta e sábia e somente essa condição lhe possibilita definir da forma mais desprezível um homem e se entregar da forma mais adorável àquele que ama.
Pórcia se diz “uma moça sem estudo, sem escola, sem vivência; feliz por não ser velha demais para aprender, mais feliz ainda porque não nasceu tão obtusa que não possa aprender” e, no entanto é capaz de se passar por um jovem e erudito doutor do Direito e resolver com sabedoria e sagacidade o imbróglio entre o judeu Shylock e Antônio.
A entrega de Pórcia, comparada somente à dedicação de Bassânio, começa na preocupação em criar a melhor condição para que o amado faça a escolha certa. Depois mostra o valor da honra e nos proporciona passagens como esta: “Detesto seus olhos! Porque me enfeitiçaram e me dividiram: uma metade minha é sua, e a outra metade é sua...quero dizer, minha. Mas, se é minha, é sua e, portanto, sou inteira sua. O meu próprio eu, e o que é meu, converte-se agora para você e para o que é seu.”
A minha Pórcia tem que ser bem diferente de mim, seremos quase opostos, seremos o amor impossível de virgem e áries.
Ela precisa ser dedicada, carinhosa, trabalhadora, sensível, independente, carente, corajosa, bonita, inteligente, tímida e sensual.
E eu prometo me dedicar, ser fiel, cuidar, proteger, ser sempre bem humorado, paciente e tolerante, enfim prometo dar o meu melhor, assim como Bassânio.
Será que todos temos a capacidade de amar incondicionalmente? Será que o amor Shakespeareano é um amor possível? Ou nascemos no tempo errado? Ou estamos demasiadamente focados no nosso umbigo? Ou inseguros demais? Ou desconfiados de tudo?
Querer é o primeiro passo. Estar preparado para esse amor é o segundo, e para isso é preciso acreditar e ter coragem.
Estou pronto Pórcia!

Frases do Nélson

Essas coisas sempre me atraem...

- Não há mulher bonita feliz.
- Só os imbecis têm medo do ridículo.
- O ser humano, tal como imaginamos, não existe.
- Quando escrevo minhas peças eu condeno todo mundo e a mim próprio.
- Só os profetas enxergam o ódio.
- Só acredito em amor que chora.
Nélson Rodrigues

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A Preparação de maneira geral

O Exército Brasileiro tem participação registrada em missões de paz desde 1947. A de maior duração foi a UNEF, no Oriente Médio, que durou 10 anos e contou com 20 contingentes de aproximadamente 600 homens. Mas foi na década de 90 com o envio de contingentes para Moçambique e Angola, que o Exército marcou o início de sua participação com tropa em missões de Paz.
Nos últimos anos, militares brasileiros vêm prestando serviços às Nações Unidas, como observadores, na África, na América Central, na Europa, e na Ásia, e cooperando para a solução pacífica do conflito fronteiriço entre o Equador e o Peru, além do envio de tropas de Infantaria e Engenharia para o Haiti.
Atualmente, o órgão responsável pela preparação do contingente de engenharia para o Haiti é o Departamento de Engenharia de Construção, por meio de sua Assessoria 3. E para isso são tomadas como referências de preparo as Diretrizes da ONU e os Programas Padrão de Instrução, entre outros documentos. O tempo previsto é de cerca de três meses, dividido em instrução individual (quadros, cabos e soldados) e adestramento.
A preparação do militar brasileiro evoluiu muito, principalmente após a criação do Centro de Instrução de Operações de Paz (CIOPaz) em 2005, e a prova disso é a escolha, pela ONU, de um General Brasileiro para o cargo de Force Commander da MINUSTAH. Nenhum militar brasileiro morto em combate, o país praticamente pacificado e o carinho que o povo haitiano tem pelos nossos militares só vêm a ratificar a excelência do trabalho feito na preparação.
A fase final da preparação, que vivi recentemente, foi em Aquidauana – MS, onde todo o contingente se reuniu.
Nas duas primeiras semanas tivemos instruções com o objetivo de nivelar conhecimentos e finalizar procedimentos administrativos. Em seguida iniciamos o Estágio Básico de Operações de Paz, com situações que visam imitar aquelas encontradas no Haiti. Na quarta e última semana vivemos o Estágio Avançado de Operações de Paz, este conduzido pelo CIOPaz e caracterizado pelo realismo das situações a que fomos expostos. A exploração de situações vividas por outros contingentes enriqueceu sobremaneira o exercício e destacou a importância de aspectos como a liderança, iniciativa, decisão, criatividade e coragem de militares de todos os níveis. A importância da fluência nos idiomas inglês e francês também foi ressaltada em várias oportunidades.
Esse período em Aquidauana foi fundamental também para que pudéssemos nos conhecer melhor. Muitas amizades surgiram , outras foram reforçadas e algumas máscaras já começaram a cair.
Nada melhor que a vida em conjunto, sem privacidade e com pouco conforto para que possamos saber quem é quem.
Meu container já está fechado e estou entre amigos. Ainda bem!

domingo, 2 de novembro de 2008

United Nations Stabilization Mission in Haiti – MINUSTAH









Em julho deste ano fui selecionado para compor o 8º Contingente da Companhia de Engenharia de Força de Paz Haiti – BRAENGCOY.
Nosso contingente é composto por 250 militares, o primeiro com esse efetivo, haja vista que os anteriores contavam com apenas 150. Sou o único oficial na minha especialidade e vou desempenhar a função de Adjunto de Logística, responsável pelas finanças, compras, almoxarifado e alimentação da tropa.
Estou muito feliz e pretendo compartilhar essa experiência com quem desejar.
Pretendo abordar aqui no blog os seguintes assuntos:
1) A Preparação;
2) Chegada e primeiras impressões;
3) A rotina numa base militar;
4) O povo haitiano e sua relação com os Peacekeepers;
5) Minhas viagens nos rest e leave;
6) O retorno;
7) O que mais me der na idéia!!!
Atualmente estou na fase final da preparação, na cidade de Aquidauana - MS. Iniciamos hoje o Estágio Avançado de Operações de Paz, que é uma simulação das mais variadas situações que poderemos enfrentar no Haiti.
Alguns sites ligados ao assunto:
http://www.minustah.org/
http://www.un.org/Depts/dpko/missions/minustah/
http://www.exercito.gov.br/03ativid/missaopaz/minustah/indice.htm

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sonho de consumo!




Eu não sou machista, mas não podia perder essa oportunidade!

Tatuagem


Finalmente tomei coragem e fiz minha tatoo!!!!
Eu e o tatuador pensamos juntos no desenho e o resultado não poderia ser outro, ficou do jeito que eu queria, as cores, formas e a expressão, um pouco maior do que eu imaginava, mas como foi nas costas, não poderia ser muito pequena.
Foram duas sessões de sofrimento, acredite...dói pra caralhoooooooooo!!!!!!!!!
Muita gente tem vontade de se tatuar, mas pensa em tantas coisas que acaba não fazendo nunca. Primeiro porque é muito novo e tem medo de se arrepender, depois não sabe bem o que faria pois o desenho tem que passar uma mensagem, tem que dizer algo a respeito de si, outros pensam na dor, outros ainda no preço, aí vem a preocupação com a opinião dos outros, o que vão pensar de mim no trabalho, na família e por fim já se está velho demais pra essas coisas.
Acho que ninguém deveria se tatuar muito jovem. Até os 20 anos nossa personalidade e caráter ainda estão em formação não se tem nem a malícia necessária para avaliar o trabalho do tatuador e uma pechincha, um modismo ou a vontade de dar uma força pra um amigo que está começando vai se tornar motivo de arrependimento para o resto da vida.
Foi muito engraçado quando a Bia viu a minha e prontamente falou que também faria uma, eu disse que não tinha problema, depois dos 35 ela faz o que quiser...faltam só 27!
A minha tatuagem fala de alguns aspectos da minha personalidade. Eu sei disso, sei no que estava pensando quando fiz o desenho, e acho que isso é importante. Não critico quem faz flores, estrelas, fadas, borboletas ou os Simpson’s. A tatuagem é uma ferramenta para muitas coisas e a sensualidade é uma delas. Muitas meninas a usam como acessório, à semelhança dos brincos e pulseiras, só não dá pra variar.
A opinião alheia é um capítulo à parte e se você for se preocupar com isso não faz a tatoo nunca. Só para ilustrar o que estou falando vou contar duas histórias onde fui mal visto.




PRECONCEITO I
Minha mãe teve uma decepção tão grande que eu achei que ela ia desmaiar!
O desenho não tem nada de ofensivo, é bem artístico, mas na cabeça da minha mãe me tornei um vagabundo, um mau exemplo. E olha que eu sou o queridinho!!
Se ela fosse me deixar uma herança, certamente que a minha parte agora iria para o cachorro!
O argumento inicial era a minha beleza escultural (segundo mamãe), que ela havia me feito perfeitinho e agora...que merda. Depois foi a minha profissão. No fundo nenhum argumento, ela simplesmente não gosta, associa a tatuagem a coisa que não presta e pronto.
Minha mãe pode. Mas eu já fiz, não ofendi ninguém, paguei com meu dinheiro e pronto.



PRECONCEITO II
Um babaca que se acha porta voz de Deus, pregador de valores morais que ele mesmo não segue. Um cara que eu mal conheço, viu a tatoo e desandou a falar sua opinião e me fazer críticas abertas. Ninguém tinha perguntado nada pra ele!
Cabe ressaltar aqui, que fiz o desenho para mim! Sou discreto, procuro estar sempre de camisa, mas dentro de um vestiário não teve jeito.
Enfim um desses caras que acha importante dar sua opinião em tudo e adora julgar os outros, porra vai fazer um blog!!!!!
E olha que é daquele s que vão para igreja e não podem ver um rebanho que querem conduzir.
Mandei ele à merda e o coloquei no lugar dele. Se cheguei até aqui foi por méritos meus.



O TATUADOR
Para rebater todas essas impressões ruins, o melhor exemplo é o tatuador com quem fiz o trabalho. Um garoto novo, uns 21 anos e todo desenhado.
Simplesmente o camarada é VEGAN, sim... aquele pessoal que não consome nada que tenha origem animal, nem um ovinho, nem leite...NADA! Também não bebe, não usa drogas e tem horror a esses malucos que ficam se furando, se pendurando e se maltratando, ele ainda tem namorada, jura que é fiel! Um contrasenso completo!! Mas serve de exemplo para quem quiser fazer um trabalho sério.



Por fim, eu estou muito satisfeito, não pretendo fazer outras, mas vou fazer tudo o que eu tiver vontade, sem prejudicar ninguém é claro...que mal tem isso?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O Santo

O Santo
O santo bebe e jura
O santo julga, condena e faz
O santo vai e se esconde
O santo goza e reza
O santo pede e rouba
O santo é triste e comemora
O santo faz careta e ri
O santo xinga e mente
O santo aponta, critica e chora
O santo trai e é aceito
Porque é a maioria
Eu não sou santo

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Arrogância

Há um ano um colega que me conhece desde o ginásio me chamou de arrogante.
Tenho uma relação peculiar com a arrogância, fui casado por 8 anos com uma pessoa que tentava me convencer diariamente que eu era arrogante.
Não me lembro o que motivou o companheiro naquela ocasião, mas como precaução, passei a me observar mais, conversei com algumas pessoas e fui pesquisar o que significa ser arrogante.
Segundo o Dicionário Michaelis:
Arrogância
sf (lat arrogantia) Altivez, insolência, orgulho, presunção.
Antônimo: amenidade, afabilidade
É bem verdade que não chego a ser afável, mas arrogante!
O arrogante não respeita ninguém, não respeita o espaço e a individualidade alheia, trata com desdém aqueles que não tiveram as mesmas oportunidades e normalmente se aproveita do mínimo de poder que lhe é dado para humilhar o subordinado.
Mês passado pedi à faxineira que trabalha para o meu condomínio para dar uma geral no meu apartamento ao que ela atendeu prontamente. Ao final do serviço, rápido e bem feito, perguntei quanto lhe devia e para minha surpresa ela respondeu que “nada não...era uma maneira de retribuir a forma cordial e respeitosa com que sempre tratei todos os funcionários”, é claro que eu paguei pelo serviço e ela não sabe até hoje o bem que me fez!
Eu teria outros exemplos, mas nenhum ilustra tão bem o que sinto quanto o texto de Alex Castro (LIBERAL, LIBERTÁRIO, LIBERTINO - http://www.interney.net/blogs/lll/) que encontrei nas minhas pesquisas sobre a arrogância, sendo assim e como homenagem (segundo ele próprio), tomei a liberdade de copiar o texto. Aproveite pra refletir!

Tentativa de Definição de Arrogância

Tentativa de definição de arrogância (naturalmente, não sou arrogante a ponto de achar que consegui definir arrogância, senão os leitores me chamariam de arrogante):Arrogante é alguém que se orgulha de fazer algo que você não é capaz de fazer.
As Flexões
Em resumo, funciona assim: você consegue fazer 50 flexões.
Tem um amigo seu que consegue fazer 30. Outro dia, ele disse: "Poxa, ralei muito, treinei muito, aumentei muito minha resistência, e agora tenho orgulho de dizer que consigo fazer 30!"
E você ri por dentro e pensa, "que tolinho, eu faço 50!", mas você não diz nada, claro, porque não gosta de se mostrar.
Aí, um outro colega fala assim: "Poxa, ralei muito, treinei muito, aumentei muito minha resistência, e agora tenho orgulho de dizer que consigo fazer 100!"
E você pensa, trincando os dentes: "Arrogante filho duma puta!"
Entendeu?

A Resposta Errada de Daiane dos Santos
Um outro exemplo: você e sua namorada páram o que estão fazendo pra assistir uma de suas apresentações de Daiane dos Santos, para ver seu famoso duplo twist carpado. "Ela é o máximo!", você diz.
Depois do evento, um repórter pergunta a Daiane: "Muitos brasileiros lhe consideram uma inspiração, acham que você é o máximo por conseguir fazer o duplo twist carpado. O que você teria a dizer para eles?"
Daiane responde: "Eles têm razão. Treinei a minha vida inteira e, hoje, consigo fazer uma coisa que quase ninguém mais consegue. Eu sou o máximo."
E você desliga a televisão, revoltado: "Que mulher nojenta e arrogante! Nunca mais torço por ela!"

A Resposta Certa de Daiane dos Santos
Pobre Daiane. Esqueceram de lhe passar o manual do mundo. Qualquer um sabe qual teria sido a resposta certa:
"Imagina, nada disso! O que eu faço não tem nada de mais!
(Daiane tem que menosprezar suas próprias realizações. Naturalmente, é mentira, e todos sabem disso. Se fazer o duplo twist carpado não fosse nada de mais, ela não teria dedicado a vida a isso, você não teria parado pra assistir, a televisão não cobriria, a Brasil Telecom não patrocinaria, o COI não daria medalhas, etc etc.)
O que é importante mesmo é respeitar as leis, ser bom filho, amar o Brasil!
(Daiane não pode nunca valorizar aqueles seus feitos que ninguém mais consegue fazer, pois isso fatalmente alienará seus fãs: "Ela acha que é melhor que eu só porque pode fazer o duplo twist carpado e eu não? Que mulher arrogante!" Mais seguro é dizer que as coisas realmente importantes são aquelas que todos conseguem fazer, de modo que ninguém se sinta inferiorizado. Naturalmente, quanto mais gente consegue fazer uma coisa, menos ela vale. Ninguém recebe medalhas por amar os filhos, fazer um bom trabalho, ser bom marido e respeitar as leis.)
Eu, o máximo? Que besteira! Esse povo brasileiro é que é o máximo! Sem ele, eu não seria ninguém!"
(Não interessa que você, espectador e fã, acabou de dizer que ela é o máximo. Não interessa que a repórter confirmou que muita gente acha que ela é o máximo. No momento em que ela diz, "Sim, concordo com a opinião dessas pessoas, eu sou o máximo", acabou-se a magia. Foi quebrada a regra número um da hipocrisia social. Você, seu hipócrita, tem direito de achá-la o máximo mas não lhe dá o direito de concordar. Você acha que ela é o máximo só para lhe impor a obrigação perversa e injusta de discordar da sua própria opinião. Daiane tem que baixar os olhos, recusar os elogios e, se possível, devolvê-los. Naturalmente, ao fazer isso, ela está chamando seus fãs de idiotas, pois acham que ela é o máximo quando, na verdade, por admissão própria, ela é só uma menina normal, como qualquer outra, que consegue fazer um salto mortal duplo girando em torno de si mesma, mas que besteira, isso não é realmente importante! Importante mesmo é fazer os deveres de casa em dia!)

Tenho Nojo Cada Vez Maior do Mundo
Uma pessoa que faça um elogio sincero a outra, mas a rotularia de arrogante se esta concordasse com o elogio ("sim, obrigado, sou mesmo isso tudo") é uma pessoa que me enoja profundamente. É uma pessoa que me dá vontade de sair correndo. E essa pessoa é quase todo mundo que eu conheço. Quem não é assim? Só posso funcionar em sociedade me esquecendo cuidadosamente desse fato.
E lembrando também, sempre, que nunca posso aceitar elogios. O elogiador de hoje é o detrator de amanhã. Não custa nada. Já a perdi a conta dos fãs que viraram desafetos. A mudança é fácil, rápida e indolor. Nem enrubescem. E ainda se sentem moralmente superiores:
"Eu adorava aquele Alex Castro, mas ele é muito metido. Você acredita que eu lhe disse que ele mandava muito bem... e ele concordou, o arrogante?! Ai, que nojo dessas pessoas vaidosas e narcisistas!"
O mundo, nossa espécie, nossa cultura, essas convenções sociais, as pessoas que aceitam jogar esse jogo, tudo isso me deixa tão doente que tenho vontade de virar borboleta. Não sei como ainda consigo funcionar socialmente.
Conheço todas as regras, talvez mais até do que seus praticantes, mas me recuso a participar. Pago o preço da minha decisão todos os dias, com o meu fracasso social, pessoal e profissional.
Vale a pena.

Você Já Viu um Fodão Chamar Alguém de Arrogante?
Quando me chamam de arrogante, minha resposta é sempre a seguinte:"Não, meu filho. Não sou arrogante não. Sou um pobre-diabo que não conseguiu realizar nenhuma das suas metas, um zé-ninguém com quinze anos de esforços literários e nada pra mostrar. Eu sei bem todos os meus defeitos e limitações. Só pareço arrogante para quem é ainda mais infeliz, ainda mais fracassado, ainda menor."
Pessoas bem-sucedidas e bem-resolvidas raramente acusam alguém de arrogância. Esse grito indignado vem sempre de baixo pra cima. Essa acusação só escorre assim fácil pelas línguas dos medíocres, despeitados, mesquinhos, invejosos, pequenos.
Para a barata, até um anão parece enorme. Visto de baixo, qualquer um que se orgulhe de ter completado suas palavras cruzadas, parece um monstro da arrogância.
http://liberallibertariolibertino.blogspot.com/2006/11/tentativa-de-definio-de-arrogncia.html