sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Primeiras impressões

Essa semana eu já saí à rua em companhia de um dos encarregados de efetuar as compras. Colete à prova de balas, pistola com o carregador pleno, capacete e óculos escuros, é o mínimo exigido para sair da base, assim eu fui.
Passamos primeiro no Soge Bank onde abri minha conta (agora já tenho conta no exterior, chique néééééééé!!!!!) o atendimento frio, a falta de informatização, a demora e o fato de eu não entender porra nenhuma do que estavam falando foi me deixando puto, mas tudo bem...saí agradecendo com um “merci madame” e um sorriso falso. É o único banco em que eu posso receber o suprimento de fundos que terei que administrar aqui.
Ao sair do banco aceitei o convite do meu guia e fui conhecer um lugar carinhosamente denominado “cozinha do inferno”. Fica perto do porto, o cheiro é horrível e a imagem ainda pior. Uma mistura de porcos, cabras, cachorros, gente, comida e esgoto a céu aberto, uns barracos de zinco, movimentação, gritaria de vendedores, buzina dos tap-taps.... E olha que o lugar está bem melhor do que era há pouco tempo, teve até uma área de quiosques doada pelo Hugo Chavéz, com direito a placa e bandeira da Venezuela.
Ontem foi dia de ir ao mercado, fomos comprar artigos para o rancho. É possível comprar quase tudo aqui no Haiti, o problema é a quantidade, não é sempre que um mercado tem material suficiente para suprir as necessidades de um batalhão. O dono é um libanês que se destaca, primeiramente por ser muito branco e depois pelos modos educados.
Andando pelas ruas, a impressão que se tem é que os haitianos estão se defendendo, buscando sobreviver, cada um por si. Embora simpáticos, sabem deixar claro quando estão insatisfeitos é neste momento que aparece a consciência de coletividade, quando surge uma liderança que rapidamente consegue reunir a massa e reivindicar. Ainda não passamos por isso.
Quanto à segurança, posso dizer que os haitianos andam pelas ruas menos preocupados que os cariocas e pernambucanos em suas capitais, talvez porque não tenham o que entregar para o ladrão.
Essa semana fica marcada em mim pelas seguintes imagens:
- A beleza do Haiti visto de cima, com suas praias, montanhas e lagos;
- O haitiano comendo do lixo que retirava daqui da base;
- A miséria e sujeira da cozinha do inferno;
- A simpatia e esperteza do menino que me acompanhou por uns metros na corrida;
- O trânsito louco, com seus tap-tap multicoloridos e barulhentos.
- A alegria dos que retornam para o Brasil!
Prometo colocar as fotos aqui num outro post.

2 comentários:

  1. Nossa!!! Fico imaginando como deve ser isso tudo aí!! Você passa emoção quando descreve as cenas cotidianas no Haiti. É uma experiência, sem dúvidas, enriquecedora! Gostaria de ver tudo isso de perto. Entre Dubai e o Haiti, este último me chama mais atenção. A condição humana e a luta pela vida me instigam mais que a riqueza e sua pompa, ao menos sob o ponto de vista crítico, porque a miséria é muito triste. Aproveite pra dar sua contribuição pessoal e ajudar no que for possível os nativos. É quando de verdade nos tornamos GENTE.

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  2. OI filho hoje eu li este comentário e chego à conclusão de que você é um ótimo narrador. Consigo enxergar as cenas que você descreve com tantos detalhes . Fico apreensiva com as coisas porém fico feliz por você estar realizando um dos seus sonhos. Deus te abençoe e te guarde é tudo o que eu quero. beijos

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