quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O amor de Pórcia e Bassânio


Nunca me considerei um romântico, embora eu goste de enviar flores, presentear, fazer surpresas. Mas aquele romantismo meloso tipo...”a nossa música” ou ficar olhando estrelas ou mesmo lembrar de datas, já tentei e não combina comigo.
Estou em busca de um amor, do jeito que diz a música “quero um amor maior que eu!”. Mas eu quero amar muito, um amor que é entrega, que sonha e que até dói uma dor gostosa de saudade quando acaba de sair de casa.
Quero um amor como o de Pórcia e Bassânio, em O Mercador de Veneza, de Shakespeare.
Não sei se é da época e hoje em dia não se ama mais assim (o que é uma pena), ou se é mesmo a genialidade do autor que soube, entre outras coisas, demonstrar como uma mulher sem vivência e sem estudo pode ser astuta e sábia e somente essa condição lhe possibilita definir da forma mais desprezível um homem e se entregar da forma mais adorável àquele que ama.
Pórcia se diz “uma moça sem estudo, sem escola, sem vivência; feliz por não ser velha demais para aprender, mais feliz ainda porque não nasceu tão obtusa que não possa aprender” e, no entanto é capaz de se passar por um jovem e erudito doutor do Direito e resolver com sabedoria e sagacidade o imbróglio entre o judeu Shylock e Antônio.
A entrega de Pórcia, comparada somente à dedicação de Bassânio, começa na preocupação em criar a melhor condição para que o amado faça a escolha certa. Depois mostra o valor da honra e nos proporciona passagens como esta: “Detesto seus olhos! Porque me enfeitiçaram e me dividiram: uma metade minha é sua, e a outra metade é sua...quero dizer, minha. Mas, se é minha, é sua e, portanto, sou inteira sua. O meu próprio eu, e o que é meu, converte-se agora para você e para o que é seu.”
A minha Pórcia tem que ser bem diferente de mim, seremos quase opostos, seremos o amor impossível de virgem e áries.
Ela precisa ser dedicada, carinhosa, trabalhadora, sensível, independente, carente, corajosa, bonita, inteligente, tímida e sensual.
E eu prometo me dedicar, ser fiel, cuidar, proteger, ser sempre bem humorado, paciente e tolerante, enfim prometo dar o meu melhor, assim como Bassânio.
Será que todos temos a capacidade de amar incondicionalmente? Será que o amor Shakespeareano é um amor possível? Ou nascemos no tempo errado? Ou estamos demasiadamente focados no nosso umbigo? Ou inseguros demais? Ou desconfiados de tudo?
Querer é o primeiro passo. Estar preparado para esse amor é o segundo, e para isso é preciso acreditar e ter coragem.
Estou pronto Pórcia!

7 comentários:

  1. Verdades sobre Romeu e Julieta
    Sabem porque Romeu e Julieta são ícones do amor? São falados e lembrados, atravessaram os séculos incólumes no tempo, se instalando no mundo de hoje como casal modelo de amor eterno?

    Porque morreram e não tiveram tempo de passar pelas adversidades que os relacionamentos estão sujeitos pela vida afora. Senão provavelmente Romeu estaria hoje com a Manoela e Julieta com o Ricardão.

    Romeu nunca traiu a Julieta numa balada com uma loira linda e siliconada motivado pelo impulso do álcool.

    Julieta nunca ficou 5 horas seguidas esperando Romeu, fumando um cigarro atrás do outro, ligando incessantemente para o celular dele que estava desligado.

    Romeu não disse para Julieta que a amava, que ela especial e depois sumiu por semanas. Julieta não teve a oportunidade de mostrar para ele o quanto ficava insuportável na TPM.

    Romeu não saia sexta-feira a noite para jogar futebol com os amigos e só voltava as 6:00 da manhã bêbado e com um sutiã perdido no meio da jaqueta (que não era da Julieta). Julieta não teve filhos, engordou, ficou cheia de estrias e celulite e histérica com muita coisa para fazer.

    Romeu não disse para Julieta que precisava de um tempo, que estava confuso, querendo na verdade curtir a vida e que ainda era muito novo para se envolver definitivamente com alguém. Julieta não tinha um ex-namorado em quem ela sempre pensava ficando por horas distante, deixando Romeu com a pulga atrás da orelha.

    Romeu nunca deixou de mandar flores para Julieta no dia dos namorados alegando estar sem dinheiro. Julieta nunca tomou um porre fenomenal e num momento de descontrole bateu na cara do Romeu no meio de um bar lotado.

    Romeu nunca duvidou da virgindade da Julieta. Julieta nunca ficou com o melhor amigo de Romeu.

    Romeu nunca foi numa despedida de solteiro com os amigos num prostíbulo.

    Julieta nunca teve uma crise de ciúmes achando que Romeu estava dando mole para uma amiga dela.

    Romeu nunca disse para Julieta que na verdade só queria sexo e não um relacionamento sério, ela deve ter confundido as coisas. Julieta nunca cortou dois dedos de cabelo e depois teve uma crise porque Romeu não percebeu a mudança.

    Romeu não tinha uma ex-mulher que infernizava a vida da Julieta.

    Julieta nunca disse que estava com dor de cabeça e virou para o lado e dormiu.

    Romeu nunca chegou para buscar a Julieta com uma camisa xadrez horrível de manga curta e um sapato para lá de ultrapassado, deixando- a sem saber onde enfiar a cara de vergonha...

    Por essas e por outras que eles morreram se amando...

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  2. Personalidade Neo Moralista


    Está formada assim a personalidade neo moralista, de alguém que prega a verdade, que acha que sabe tudo, que se sente superior, que humilha, mas que está condenado a estar só.

    Outro caminho, mais sábio, é reconhecer com humildade, que dentro de nós existe tanto o bem como o mal, que ninguém é perfeito, que também temos nosso lado escuro.
    Assim, você fica mais condescendente com os outros, aceitando-os do jeito que são.

    E quando você coloca os pés no chão e entende que é feito de carne e osso como todos, sai da proteção, torna-se mais acessível e permite que alguém chegue mais perto. Sem tantas resistências, você fica mais vulnerável e mais aberto para que o amor lhe aconteça, mesmo que não seja tão perfeito assim.

    (auto desconhecido)

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  3. Sr.(a) anônimo (a) vc me parece tão inteligente que deveria fazer um Blog só seu!! Já te sugeri isso alguma vez?
    Obrigado pelos comentários!

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  4. 1.Coríntios 13 - O Amor

    O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece.
    Não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal.
    Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.
    Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
    Agora permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três: porém o maior destes é o AMOR.

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  5. Hãmmmmmmmmmm.... tou sabendo! Diz q tá pronto pra Pórcia agora, só porque tá longe... kakakakak... deixou todas as "Pórcias" aqui.. vendo navios!!! :p

    Masssss... a estória é linda!!! adorei..
    bjos

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  6. Finalmente resolvi escrever, Capuchinho. Será que vai passar pelo seu filtro? Acho que as obras de Shakespeare continuam a fazer sucesso não só pela genialidade, mas porque encontram identificação. Acho sim que existe tal amor nos tempos atuais. Eu já amei assim um dia...
    No filme Romance de Guel Arraes ele fala no amor de Tristão e Isolda e diz que romance sem sofrimento não existe, acho que ele tem mesmo razão, e, como diz o Apóstolo Paulo, na I Carta aos Coríntios, capítulo 13: o amor é paciente, é benigno, tudo suporta, tudo sofre, tudo espera, tudo crê.
    Talvez o nosso imediatismo e a acentuada oferta não nos permita mais exercitar a longanimidade. Afinal, não queremos sentir dor, queremos curar nossas feridas de amor agora, já. E, sem querer, acabamos criando outras, como a insatisfação, a frustração,a exemplo de quando delegamos ao substituto do "amor despedaçado" a difícil missão de ser quem a gente gostaria que fôsse e que ele, irremediavelmente, não é. Quer ver outro transtorno? É a a incapacidade de resolução dos problemas, pois, em vez de nos resolvermos com o "amado" preferimos substituí-lo, afinal se ajustar ao outro, demanda a tal paciência e disposição que a maioria das pessoas não têm. O consumismo descartável atingiu também o amor e o sentimento das pessoas. Para a tristeza nossa que estamos preparados e disponíveis para o romance, pois, o amor pode ser solitário, mas o romance nunca.
    E, assim, seguimos vivendo, atrás do verdadeiro corajoso que não é o que tem grande capacidade de "reciclagem", mas do que é capaz de amar com generosidade e perseverança. E como tá difícil!!
    A única observação que faço aos amores dos autores é que os amantes sempre se dão muito bem e lutam contra os obstáculos exógenos e essa é a diferença fundamental da realidade: na maioria dos casos os obstáculos não são dragões, ódio entre as famílias, mas o dia-a-dia e os desentendimentos provenientes da forma singular e única de pensar e agir de cada um que forma o casal. Às vezes conflita. Lembre-se: o amor pode ser solitário, o romance nunca!!

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  7. AMOR E RAZÃO

    Pensar nossa história pode nos libertar de fantasmas do passado e se isso nos permitir amar melhor o outro, dar leveza às relações e abrir a possibilidade de estarmos com o outro.
    Não porque precisamos, mas porque desejamos. Então a razão não é algo que faça tão mal ou seja tão indigna para analisar o amor.
    Claro que a razão não vai substituir a experiência, a intuição, e quaisquer outras possibilidades humanas, mas misturar amor e razão não precisa ser um tabu.

    A elaboração é um conceito em psicanálise que significa usar a razão para, a partir de lembranças do passado que foram recuperadas e reconectadas ao afeto primitivo, vislumbrar soluções criativas para o sofrimento cotidiano. É o que chamamos consciência emocionada.

    Num certo sentido o que quero dizer é que apesar do amor ainda ser algo misterioso e mágico, não precisa ser proibido pensar racionalmente seus determinantes.
    Para todas essas pessoas, pensar sua história rememorada e construir relações com seu sofrimento cotidiano teve o efeito de desidealizar a parceria amorosa e permitir uma relação mais leve com seu companheiro.

    Poderia falar mais deste assunto mas o que quero dizer é que muitas vezes um outro vem ao nosso encontro para podermos viver e construir um novo Eu que englobe nossa história insconciente, nossas angústias, conflitos, fantasmas e fantasias.

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